'cambalache'

Nova arma da direita é dizer que tudo é igual à direita

Manchando imagem de líderes como Lula, Dilma e Cristina, entre outros, direita acredita que pode abrir caminho para voltar a governar sem sustos

A nova estratégia da direita latino-americano tem seu eixo central de ação nas tentativas de destruir a reputação dos maiores líderes populares dos países do continente. Sem poder comparar os governos que fizeram com os que fizeram ou seguem fazendo esses líderes, dedicam-se a tentar destruir as imagens dos dirigentes responsáveis pelos maiores avanços que nossos países tiveram.

Cristina, Lula, Dilma não são mais os presidentes que resgataram seus países das piores crises da sua história, que diminuíram drasticamente a desigualdade, a miséria, a exclusão social de suas sociedades, que afirmaram a soberania de seus países no mundo. O mesmo acontece com Evo Morales, Rafael Correa, Pepe Mujica etc.

São, segundo a direita e seus porta-vozes, dirigentes corruptos, comprometidos com aplicações ilegais de verbas públicas, que conseguiram o apoio popular à custa de recursos obtidos de forma corrupta.

Enfim, seriam como os dirigentes da direita – Menem, Collor, FHC, De la Rúa, Macri, Temer, Fujimori etc. Tudo seria igual na política, nada seria melhor (do que o que aí está), como canta o tango Cambalache.

Cambalache (1935, de Enrique Santos Discepolo), por Gardel, com imagens do século 20

Assim, a direita acredita que pode abrir caminho para voltar a governar sem sustos. Não teriam mais que suportar os sindicatos, os movimentos sociais, os recursos canalizados para afirmar os direitos de todos. Teriam de novo o Estado nas suas mãos, para promover e reforçar os interesses das minorias ricas, que sentiram perder o controle do Estado e dos governos da forma que quiserem.

As campanhas em curso contra Cristina, Dilma, Lula e Evo só são possíveis porque a direita continua dispondo do monopólio dos grandes meios de comunicação, assim como porque também conta com a cumplicidade dos respectivos poderes Judiciários, que se calam diante das monstruosidades que os governos de direita praticam.

Esse Judiciário se presta a perseguir, sem nenhuma prova concreta, os dirigentes populares, cujo comportamento é inaceitável para a direita, porque demonstraram que se pode e se deve governar para as grandes maiorias, contra os meios de comunicação e a direita.

A destruição de reputações por parte dos meios de comunicação e do Judiciário é um processo de manipulação da opinião pública como nunca se havia conhecido na América Latina.

Acumular suspeitas sem provas, para provocar mecanismos de rejeição das lideranças com amplo apoio popular, mas que nas camadas médias suscitam fortes resistências, como se eles fossem culpados de todos os problemas de seus países.

Destruir as imagens das lideranças que mais fortaleceram a democracia no continente porque incorporaram o apoio de amplas camadas do povo, antes sempre excluídas e esquecidas pelas elites, é um crime contra a democracia.

Crime perpetrado pelos que querem dirigir governos antipopulares por suas políticas, mas para isso precisam inviabilizar as lideranças que fizeram exatamente o contrário do que eles fazem ou prometem fazer, com o que, tratam de acostumar as pessoas de que se governa naturalmente para as minorias mais ricas do país.

Lideranças como as de Cristina, Lula, Dilma, Evo, Rafael Correa, Pepe Mujica, entre outras, são já patrimônios da democracia latino-americana, já pertencem à nossa história como dirigentes que recuperaram o prestígio da política e da democracia com governos que reconheceram direitos fundamentais das grandes maiorias. Que projetaram a imagem do nosso continente no mundo, com políticas soberanas e de integração regional e com todo o Sul do mundo.

Para a direita, é indispensável afirmar o cambalache, que todos os seus políticos são corruptos, sim, mas que todos os demais também seriam. Que sendo igual por igual, que sejam eles os governantes, como sempre fizeram no passado.

Mas aqueles líderes provam que nem tudo é igual e saem dos governos mantendo seu prestígio popular, ao contrário dos esquecidos dirigentes da direita.

E provam que há, sim, uma política melhor para o povo, para a democracia, para nossos países.