continuidade

O outro mundo possível da Tereza

Nos últimos 12 anos foi deixando de ser incômodo moralmente viver num país lindo, porém eticamente insustentável. E seguirá sendo assim pelo menos pelos próximos quatro anos, quando seguiremos contando com Tereza Campello na condução das políticas mais essenciais do governo

augusto coelho/arquibo rba

Tereza Campello soube encarar a falsa polarização entre universalização e focalização, para mostrar como o privilégio dos mais frágeis é uma chave de uma política social justa

É a mesma Tereza com que trabalhávamos nos fóruns sociais mundiais de Porto Alegre, pelo outro mundo possível. Só que está em outro lugar. Quando ela assumiu o Ministerio de Desenvolvimento Social, foi agregado ao seu nome o “Combate à Fome”. Era o objetivo maior, enunciado pelo próprio Lula no seu discurso de posse: que todos os brasileiros tivessem tres refeições diárias.

Hoje o nome do MDS foi superado pelas próprias políticas colocadas em prática sob a direção da ministra Tereza Campello. Se considera manter apenas MDS ou agregar algo do tipo “e Combate pela Justiça Social”.

Porque o Brasil que conclui o terceiro mandato dos governos do PT é outro. Os dados são conhecidos, mas não deixam de impressionar – ainda mais se acompanhados pelos tantos relatos da transformação da vida das pessoas ao longo de uma única geração. Essa mudança é expressa frequentemente pela Dilma ou pela Tereza na frase: “A primeira geração que cresceu sem fome no Brasil”.

A imensa democratização social que o pais vive desde 2003 se dá porque o salário mínimo aumentou 72% em termos reais de 2002 a janeiro de 2015. Porque a agricultura familiar cresceu 52% de 2003 a 2011. Porque a cobertura do Bolsa Família chega a 14 milhoes de famílias, cerca de 50 milhões de brasileiros, um em cada quatro habitantes do Brasil.

Porque o núcleo duro da pobreza, que era constituído por 71% de negros, de 60% situados no Nordeste, de 40% de crianças e adolescentes, foi atacado prioritariamente. O benefício médio mensal do Bolsa Família aumentou 84% entre 2011 e 2014. Fora geridas 406 mil empresas por beneficiários do Bolsa Familia. A pobreza crônica no Brasil desceu da casa dos 8% para 1%.

Num país como o Brasil, que era o mais desigual do continente mais desigual, o outro mundo possível começou com o fim da fome, passou ao fim da pobreza extrema, para que seja possível a construção de um país minimamente justo e solidário. As políticas sociais são o coração desses governos que promovem o maior processo de democratização social que já vivemos. São a razão ética e política fundamental do apoio que os governos do PT têm recebido desde 2003.

Tereza Campello é a ministra que personifica essas transformações e esses avanços. Que soube encarar a falsa polarização entre universalização e focalização, para mostrar como o privilégio dos mais frágeis é uma chave de uma política social justa. Que a universalização costuma sempre chegar a 90% da população, mas deixa de fora os mais necessitados. Foi preciso portanto fazer uma revolução copernicana, virar tudo de cabeça pra baixo, privilegiar expressamente os mais pobres. Focalizar nos 50 milhões do Bolsa Família não tem nada de assistencialismo, é opção preferencial pelos mais pobres.

Foi assim nesses 12 anos em que foi deixando de ser incômodo moralmente viver num país lindo, porém eticamente insustentável. E seguirá sendo assim pelo menos pelos próximos quatro anos, quando seguiremos contando com a Tereza na condução das políticas mais essenciais do governo, revelando porque ela é a melhor e a mais importante ministra do governo.

Releia matéria da Revista do Brasil

‘O Brasil está aberto para as meninas’