Seca

Alckmin cai em pegadinha e tira foto com cartaz que pergunta: ‘Cadê a água?’

Jovens encontraram com o governador em evento de campanha no Largo Treze de Maio, em Santo Amaro, e pediram foto. No momento do clique, sacaram o cartaz de protesto

Reprodução/ Facebook

Estudantes tiram foto com Alckmin durante caminhada do candidato no Largo Treze de Maio

São Paulo – A três dias das eleições que vão decidir o próximo governador de São Paulo, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB), que concorre à reeleição, enfrentou um protesto do qual não foi possível esquivar, como é sua prática habitual: cinco estudantes do cursinho da Poli, que se preparam para o vestibular no ano que vem, viram o tucano em campanha no Largo 13 de Maio, em Santo Amaro, e não hesitaram em pedir uma foto com o governador, que atendia à imprensa naquele momento. Diante dos olhos de diversas câmeras, o grupo posou para a foto e abriu um pequeno cartaz feito à mão, com uma grande pergunta: “Cade a água?”.

A minha amiga Laís estava voltando do almoço e viu que o Alckmin estava dando entrevistas, então surgiu a ideia de nos manifestarmos perante os problemas de escassez de água. Ela me chamou e chamou minhas outras amigas para apoiarmos, e decidimos tentar”, conta Gabriela Bechara, que aparece na foto de óculos, blusa e jaqueta brancas. De acordo com ela, na casa de Laís, em Embu das Artes, já falta água desde abril. Na casa de Gabriela, em Taboão da Serra, ainda não, mas ela tem conhecidos que sofrem com o problema. A intenção delas foi dar publicidade a essa situação. “Infelizmente, acredito que a maioria não tem consciência da gravidade do problema, pois o que mostram nas grandes mídias e até mesmo o que é dito pelo governador é que não existe esse tal racionamento”, lamenta.

Elas ressaltam que não têm filiação partidária e não trabalham com nenhuma campanha. O objetivo do protesto divertido foi o de “revelar apenas um pingo da indignação” de todos os paulistas. “Esse é um problema que independentemente de qualquer filiação política ou quaisquer outras causas externas afeta toda a sociedade, que está há 20 anos sob o governo peessedebista”, diz Gabriela. “Só queremos a resposta de uma simples questão”, completa.

De janeiro para cá, o Sistema Cantareira, maior complexo de represas do estado, responsável pelo abastecimento de água de mais de 8 milhões de pessoas na região metropolitana, zerou seu volume útil e já está com apenas 6,7% da capacidade do “volume morto”, reserva próxima do fundo das represas, abaixo da captação normal de água. Embora Alckmin insista que tem feito obras para interligar os reservatórios de água do estado e minimizar o problema de abastecimento, o que tem ocorrido nos últimos meses é que as demais represas, que preservavam níveis acima de 80% antes da interligação ao Cantareira, começaram a esvaziar rapidamente. O sistema Alto Tietê, por exemplo, primeiro a ser interligado emergencialmente ao Cantareira, conta hoje com apenas 12,4% de sua capacidade total. O sistema Rio Grande, último a ser utilizado como reforço para as áreas antes atendidas pelo Cantareira, caiu de 94% de capacidade em junho para 75% no fim de setembro.

No último debate antes do primeiro turno das eleições, o governador insistiu, por diversas vezes, que não existe racionamento, e que mesmo em 2015 não deve faltar água no estado.

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