Carta sobre o Parque Augusta

Mariana Topfstedt/Sigmapress/Folhapress Esta semana, ativistas fizeram ato em frente à prefeitura cobrando a criação do Parque Augusta Hoje, 24/12/2013, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, sancionou o Projeto de […]

Mariana Topfstedt/Sigmapress/Folhapress

Esta semana, ativistas fizeram ato em frente à prefeitura cobrando a criação do Parque Augusta

Hoje, 24/12/2013, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, sancionou o Projeto de Lei 345/2006, que define a criação do Parque Augusta. O quarteirão entre as ruas Augusta, Caio Prado e Marquês de Paranaguá tem valor simbólico único: com mais de 600 árvores de Mata Atlântica, a maioria nativa, lá está o último bosque do centro de São Paulo, em um terreno de 24 mil metros quadrados. Diante disso, a assembleia do Parque Augusta deliberou a redação desta carta:

Após a recente valorização da região, as incorporadoras Setin e Cyrela definiram um projeto privado com duas torres comerciais de 30 andares. A mata seria uma área particular no fundo do lote, aberta ao público em horários específicos.

A ameaça da perda do último bosque de Mata Atlântica preservada da região aprofundou a luta pelo Parque Augusta – que já dura décadas. O movimento em defesa do parque se organiza de forma independente e apartidária, com caráter espontâneo e colaborativo, completamente desvinculado de quaisquer instituições políticas, religiosas e econômicas.

Todas as decisões, dentro dessa forma de organização, são tomadas por meio de assembleias deliberativas. Realizadas semanalmente no próprio parque e convocadas pela internet, por nossas redes sociais, a assembleia aberta é o espaço de respaldo.

Assim, o movimento realizou, nas últimas semanas, dezenas de ações dentro e fora do parque que, devido ao sucesso de público e mídia no apoio à causa, pressionaram o prefeito pela sanção do projeto público. Vale ressaltar que essa ideia era rechaçada pela atual gestão, que por meses demonstrou interesse pelo projeto privado.

O projeto de Parque Augusta defendido é o da manutenção de uma área pública que contemple preservação e conscientização ambiental, lazer, arte e cultura. Além disso, expressamos a preocupação pelo mecanismo de criação do parque, garantindo que acompanharemos o processo político e financeiro que tornará público o terreno hoje privado.

Entendemos que a única possibilidade de construção deste parque é o debate aberto e permanente. Nossa experiência em autogestão é uma realidade estruturada e aberta a quem se interessar. Aqui, diversos indivíduos e grupos estão trabalhando um caminho conjunto de articulação política e organização social, sempre na perspectiva da horizontalidade. Nenhum indivíduo responde institucionalmente pelo Parque Augusta. Cada um é responsável por seu cuidado. Qualquer responsabilização individual é intimidação.

Não aceitaremos outro burocrático parque municipal, cercado e fechado à participação e proposição popular. Também não aceitamos ceder um centímetro de solo nativo para o lucro de grupos imobiliários. Estamos falando do corpo da cidade, não de mercadoria. O movimento visa a gestão pública do espaço, tendo o cuidado de diferenciar público de estatal.

O Parque Augusta não é uma exceção, ele é um protótipo, exemplo a ser propagado. Somos uma experiência corrente, viva, que não será ignorada. Nosso processo continuará como está, generoso, criativo, descalço no parque, aberto a quem chegar para somar, e todos podem chegar. Já estamos construindo o Parque Augusta. Conseguimos uma vitória importante e agora a luta segue ainda mais intensa: sustentar e desenvolver o projeto de autogestão. Ali, cultivamos uma nova cidade. Atrás do muro, resistiu o VERDE!

LONGA VIDA AO PARQUE AUGUSTA !!!

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