São Luiz do Paraitinga abre primeira igreja reconstruída após enchentes

Capela de Nossa Senhora das Mercês após a reconstrução (Foto: Iphan/Ministério da Cultura)) São Paulo – Ao passar “nos quatro cantos” (o famoso cruzamento entre duas ruas da cidade) um […]

Capela de Nossa Senhora das Mercês após a reconstrução (Foto: Iphan/Ministério da Cultura))

São Paulo – Ao passar “nos quatro cantos” (o famoso cruzamento entre duas ruas da cidade) um arrepio sobe a espinha e toma conta da alma, alma que ficou ferida e perdida no primeiro dia de 2010. A cidade de São Luiz do Paraitinga volta a sentir a alegria de antes. A Capela Nossa Senhora das Mercês, a famosa “capelinha”, toma contornos e formas impressionantemente idênticas àquelas que as águas sujas – do rio cujo nome significa “águas claras”, o Paraitinga – levaram consigo, ampliadas por intermináveis horas de chuva torrencial.

A lembrança da capela mais antiga da cidade não saía da memória dos luizenses, e a imagem de Nossa Senhora das Mercês vestida de amarelo, tampouco.

Dos escombros restaram apenas pedaços de madeira, partes da parede em taipa de pilão e a imagem da santa, dividida em muitos pedaços. No entanto, mesmo para quem não julgava possível qualquer possibilidade de ter a representação da fé de um povo novamente erguida, o que se vê é o contrário: graças ao resgate imediato de imagens sacras e peças da igreja, pelos próprios moradores, o conjunto pode ser refeito, e o trabalho, reconhecido.

Entre expectativas e ansiedade viviam os moradores da cidade na espera por sua igreja reerguida. E eis que chega o dia esperado. Parecia não haver fim o arrastado tempo de espera para receber os primeiros sinais da reconstrução do patrimônio material do município.

E entre boas e más vontades do poder público, a materialidade da história “reconstruída” dá o primeiro passo, e, enquanto isso, a imaterialidade do povo era fortalecida a cada evento, a cada reza, a cada música, a cada riso. Pois já é sabido que os conterrâneos do médico Oswaldo Cruz e do geógrafo Aziz Ab’Saber têm sua cultura e costumes “tombados” assim como as igrejas e prédios de séculos passados, como diz uma luizense “de raiz”.

E de acordo com o que promete o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão que tombou o centro histórico da cidade cuja arquitetura passou a ser patrimônio nacional, as obras de reconstrução terão sequência. Há duas semanas foi reinaugurado o Instituto Elpídio dos Santos, que homenageia o compositor luizense, e já estão em andamento os processos para a restauração da Igreja do Rosário, da Casa de Oswaldo Cruz e de alguns imóveis privados que foram destruídos com a enchente de 2010.

A capela das Mercês será reaberta neste domingo (25) com missa e retreta da Corporação Musical de São Luiz de Tolosa, além de contar com a presença da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e do presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida.

 

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