Ataques, traumas e mortes em suas dependências não sensibilizam bancos

Programado para ser uma rodada de negociação da campanha salarial dos bancários, a reunião desta terça-feira (6) com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) serviu para mostrar a insensibilidade do […]

Programado para ser uma rodada de negociação da campanha salarial dos bancários, a reunião desta terça-feira (6) com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) serviu para mostrar a insensibilidade do setor e o descaso com a segurança de bancários, dos clientes e da população.

Para reforçar os argumentos dos trabalhadores, entidades sindicais dos bancários se juntaram à dos vigilantes para mapear ocorrências em todo o Brasil.

Só neste ano, o setor contabiliza 831 ataques a estabelecimentos, sendo 537 arrombamentos e 301 assaltos. Aconteceram 31 mortes, das quais 20 decorrentes da chamada “saidinha” (quando criminosos abordam o cliente assim que este sai da agência). As informações vieram do trabalho sindical, de registros policiais e de notícias da imprensa. Por isso, os autores do estudo temem que a situação pode ser ainda ainda pior.

Apesar do constrangimento de enfrentar a dura realidade de insegurança que vivem os bancos, a Fenaban negou todas as reivindicações dos representantes sindicais dos empregados.

A pauta de demandas relacionadas à segurança nas agências é enorme. A primeira delas é a instalação de portas de segurança que, comprovadamente, inibem ações criminosas. Depois, há necessidade de câmeras de vídeo, obrigatoriedade legal que os bancos não cumprem.

Uma das poucas respostas práticas oferecidas pelos bancos – em uma combinação com o poder público – transfere para o usuário a responsabilidade pelo cenário. A proibição de uso de telefones celulares em agências vigora em São Paulo desde agosto, mas não resolve o problema, na visão dos sindicatos.

Duas reivindicações, se aplicadas, seriam significativas para garantir o sigilo das operações realizadas pelos clientes e, assim, aumentar a segurança dos usuários. A primeira é que se instalem biombos entre a fila de espera e os guichês de atendimento. A segunda, biombos nos próprios guichês para que o cliente e o caixa façam a operação com total privacidade.

A alegação das empresas para deixar as demandas de lado joga a responsabilidade sobre os próprios clientes. O argumento é que as questões “não atingem” os bancários, ou seja, não caberiam em negociação trabalhista.

Outra antiga reivindicação dos sindicatos, de que bancários não carreguem a chave do cofre nem façam transporte pessoal de dinheiro, as instituições financeiras também ignoram – tornando seus “colaboradores” e seus familiares alvos de criminosos até mesmo fora das dependências bancárias.

Completa as demandas a necessidade de assistência psicológica aos sequestrados ou vítimas de assaltos, o que também não é reconhecido pelos bancos, que não raras vezes obrigam trabalhadores e reabrir agências e manter o atendimento depois de uma ocorrência, como se nada tivesse acontecido. Estudos revelam que o trabalhador, quando passa por esse estresse, adquire traumas e síndromes que se manifestam com o tempo, comprometendo não apenas seu desempenho profissional como toda sua vida familiar e social

Há casos em que bancos chegaram a demitir trabalhador que, sob ameaça de morte ou com familiares feitos reféns, abriu o cofre a assaltantes. Corre uma ação indenizatória de um bancário no Fórum de Guarulhos (SP), na região metropolitana da capital. A argumentação da empresa é de que seria “inadimissível que o bancário tenha aberto o cofre para os criminosos”.

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