Sete vezes Bolsonaro

Ditadura militar, homofobia, violações de direitos humanos e ataques a outros políticos estão na lista de polêmicas em que o deputado do PP do Rio se envolveu

São Paulo – Acusado desde segunda-feira (29) de declarações racistas e homofóbicas, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) coleciona polêmicas. A mais recente decorre de declarações preconceituosas em um programa de TV. Bolsonaro foi reeleito deputado federal pelo Rio de Janeiro em 2010 com 120.646 votos. Entre as doações para sua campanha, estão muitos militares e seus parentes.

No sexto mandato como deputado federal, Bolsonaro é um ex-militar. Ele não esconde a preferência por setores e políticas mais conservadoras – afirmando que prefere um regime “de autoridade”, que contrapõe ao atual sistema democrático. Defende ainda a ditadura militar, a tortura praticada à época, a pena de morte, a redução da maioridade penal e critica constantemente a união civil entre homossexuais.

A Rede Brasil Atual listou sete episódios marcantes protagonizados pelo deputado fluminense. Com as duas desta semana, somam-se 9 os momentos em que Bolsonaro ganhou holofotes por razões nada nobres. Confira a lista:

Ex-presidentes no alvo

Bolsonaro criticou veementemente três presidentes da República, passando por Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e, agora, Dilma Rousseff. Sobre FHC, declarou à época que o presidente merecia ser fuzilado “por governar da maneira que governava”. De Lula, indicou, no mesmo programa que provocou a atual polêmica, que não sente saudade de pessoas que não são sérias.

Dilma “assassina”

A respeito da presidenta Dilma Rousseff, acusou-a em plenário quando ainda era candidata se tratar de uma “sequestradora” e “assassina”. Também insinuou que tinha informações sobre as sessões de tortura a que a atual presidenta foi submetida, ameaçando revelar detalhes.

 

Agressão a Maria do Rosário

Em 2008, Bolsonaro discutiu com Maria do Rosário, então deputada federal pelo PT-RS e atualmente ministra da Secretaria Especial dos Direitos Humanos. O parlamentar empurrou a colega de Câmara, ameaçou dar-lhe um tapa e chamou-a de “vagabunda” por repetidas vezes, além de outras provocações. Maria do Rosário mostrou-se indignada e deixou o local do bate-boca chorando.

Ossadas do Araguaia

No ano seguinte, um cartaz foi colado pelo deputado na porta de seu gabinete na Câmara dos Deputados com os dizeres “Desaparecidos do Araguaia, quem procura osso é cachorro”. O ataque era direcionado às famílias de militantes da Guerrilha do Araguaia, vítimas de forte repressão por parte da Ditadura Militar. À época, discutia-se uma ação do governo federal para buscar os restos mortais dos guerrilheiros mortos ocultados clandestinamente na região. São mais de cinquenta desaparecidos políticos.

Couro em homossexuais

Bolsonaro sugeriu, em 2010, que os pais poderiam bater nos filhos homossexuais, defendendo que a medida poderia mudar de comportamento e orientação sexual. Ele referia-se à chamada Lei da Palmada, que tipifica como crime qualquer tipo de punição com castigo físico a crianças e adolescentes pelos próprios pais. “O filho começa a ficar assim meio gayzinho (sic), leva um couro, ele muda o comportamento dele”, declarou à TV Câmara.

Joana D’Arc e Dilma

Também naquele ano, na abertura do Seminário Internacional sobre Comissões de Memória e Verdade na Câmara dos Deputados, o deputado chamou Dilma Rousseff de “Joana D’Arc que está assumindo agora a presidência” e “mentora de atos de terrorismo no nosso país”. Sobre a instalação da Comissão de Memória e Verdade, Bolsonaro afirmou: “Nós, militares, também queremos saber a verdade”. A proposta era que supostos crimes imputados a ativistas que lutavam contra o regime autoritário também fossem julgados.

AI-5

O mesmo Bolsonaro declarou, por diversas vezes, que a ditadura militar representou um período de glória para o país e que “se tinha direitos humanos para seres humanos e para políticos corruptos era o AI-5”.