Wikileaks usa velha mídia para se legitimar, defende jornalista
São Paulo – Em debate, a representante do site WikiLeaks no Brasil, a jornalista Natália Viana teve de explicar, por algumas vezes, os motivos por que o Wikileaks optou por […]
Publicado 16/12/2010 - 12h30
São Paulo – Em debate, a representante do site WikiLeaks no Brasil, a jornalista Natália Viana teve de explicar, por algumas vezes, os motivos por que o Wikileaks optou por repassar primeiro a jornais da velha mídia os documentos secretos revelados. O objetivo era garantir uma boa divulgação e evitar uma dispersão sem critérios pela internet, reduzindo o impacto das informações reveladas.
Para Natália, colaboradora voluntária da organização no Brasil, a situação do fundador da entidade, Julian Assange, poderia ser muito pior se não houvesse o envolvimento desses jornais. A escolha da “velha mídia” para divulgar os documentos legitima e dá “respaldo” a organização, segundo ela.
O critério para a escolha da Folha de S. Paulo e O Globo no Brasil foi um dos pontos sobre os quais mais a ativista foi questionada por participantes do evento no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo. O debate foi promovido por 17 entidades que defendem a democratização da informação e de direitos humanos.
Rachel Moreno, do Observatório das Mulheres, mostrou-se preocupada com esse atentado contra a “liberdade de comunicação que não seja conservadora”. Também comentou que feministas de vários países estão “estupefadas” com a rapidez e rigidez com que as autoridades britânicas agiram na prisão de Assange por supostos crimes sexuais.
“As jornalistas e feministas da Inglaterra e da Suécia declaram para quem quiser ouvir que na verdade as bandeiras das mulheres estão sendo utilizadas com finalidade exclusivamente política e que isso não tem nada a ver com o interesse das mulheres”, contou Rachel.
Para João Brant do Coletivo Intervozes, um dos organizadores do evento, o Wikileaks chama atenção para várias questões que não são grandes novidades, mas que são relevantes. “O Brasil tem tradição desse tipo de debate, da questão da liberdade da rede e a maneira de produção colaborativa. Temos que aproveitar essa janela de oportunidades de uma forma positiva”, ressalta.
Natália Viana também explicou que o Wikileaks se empenha em tirar nomes de pessoas que possam ter suas vidas ameaçadas com a abertura dos documentos. A exclusividade dos jornais em relação aos documentos é temporária e o site almeja publicar e assim dar acesso a todas as pessoas aos telegramas, garantiu Natália as pessoas que questionaram se haveria uma forma de entidades civis terem acesso ao material.
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