Para comentarista da Globo, parto humanizado é ‘bobagem’ e gravidez de mulheres com HIV ‘maluquice’

Para o comentarista da CBN e da TV Globo, pai barbudo, cabeludo e bêbado infecta a sala cirúrgica durante parto humanizado

Em uma única entrevista, Alexandre Garcia, comentarista da CBN e da TV Globo, criticou o Ministério da Saúde, o parto humanizado, grávidas HIV positivo e pais que desejam acompanhar o parto dos filhos. As declarações causaram uma avalanche de críticas ao jornalista e o repúdio de ativistas e especialistas.

Na sexta-feira (7), Garcia afirmou na rádio CBN: “Estou criticando essa bobagem do Ministério da Saúde: parto humanizado. Será que vão deixar entrar o pai pra deixar infectar a sala cirúrgica. O pai barbudo, cabeludo, bêbado, sei lá. Mas, enfim, vestido com poeira da rua numa sala cirúrgica. Isso é um absurdo”. Ainda sobre o parto humanizado ele comentou que o parto de cócoras é coisa de índio e estoura os joelhos das mulheres.

Na mesma entrevista, que começou tratando de problemas na saúde em Brasília, Garcia também disparou críticas à gravidez de mulheres com HIV. “Eu duvido que o Ministério da Saúde vá fazer uma cesárea pela terceira vez numa mulher com HIV e respingar sangue nele pra ver o que vai acontecer. É uma maluquice”.

Desde a entrevista, o site da rádio recebe dezenas de comentários diariamente com críticas ao jornalista.

Militantes do movimento de luta contra a Aids divulgaram uma “Carta aberta a Alexandre Garcia – uma carta contra o preconceito”, em protesto às declarações do comentarista.

“É inconcebível observar como se aborda questões do HIV/Aids de forma preconceituosa, sem qualquer rigor científico, o que só favorece o aumento da discriminação às pessoas vivendo com HIV/Aids”, pondeou José Roberto Pereira (Betinho), membro do Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo.

Para Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), a opinião de Garcia reforça o preconceito contra portadores de HIV. “No meu entendimento, como pessoa que está trabalhando com a questão do HIV/aids desde 1985, quero dizer que você jogou água fora da bacia e respingou a água suja do preconceito em muita gente. Quero dizer que atitudes como esta reforçam o preconceito e o estigma contra as pessoas que vivem com HIV/aids”, apontou Reis.

Parto humanizado

A edição 28 da Revista do Brasil traz histórias de famílias que optaram pelo parto humanizado. 

“… É um evento familiar vivido sob intensa emoção. Mais do que espectador, o pai participa ativamente da gravidez e do parto”, enfoca a matéria de Luciane Benatti.