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Lula envia carta pessoal ao deputado Martin Schulz, do SPD alemão

Ex-presidente do Parlamento Europeu e líder social-democrata na Alemanha afirma a Jessé de Souza ter dúvidas quanto à lisura do processo e questiona independência de Moro para julgar ex-presidente

arquivo pessoal

O professor Jessé de Souza encontra o social democrata Martin Schulz: Lula, Brasil e governo Bolsonaro na conversa

Nesta quarta-feira, 20 de fevereiro, o professor Jessé de Souza, da cadeira de Sociologia da Universidade Federal do ABC e um dos mais importantes intelectuais do país, visitou o deputado do Partido Social Democrata Martin Schulz, em seu escritório na sede do Bundestag, o Parlamento Federal da Alemanha, para entregar-lhe uma carta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso político na sede da Polícia Federal de Curitiba. Martin Schulz já foi presidente do Parlamento Europeu e líder do seu partido na Alemanha, dentre outros cargos de importância na política do seu país e da Europa.

O professor Jessé foi acompanhado por Nina Glatzner, ativista em Berlim da campanha Lula Livre, pela nossa reportagem, e outros jornalistas da mídia alemã. Estiveram também presentes duas pessoas da assessoria do deputado.

Na carta o ex-presidente destaca as razões políticas da perseguição que sofre no Brasil, quando se apresentava, diz ele, “com reais condições de vencer as eleições já no primeiro turno, e depois para inviabilizar toda e qualquer participação minha no processo eleitoral que pudesse contribuir para a melhor sorte de nosso candidato, o companheiro Fernando Haddad”.

Refere-se também ao fato de que foi impedido de “gravar uma única fala de apoio ao candidato do PT, além de ser proibido de dar entrevistas à mídia. Apesar disto, destaca Lula, o PT conseguiu eleger a maior bancada na Câmara Federal, uma boa bancada no Senado, vários governadores, inclusive em coligação, e Haddad conseguiu 47 milhões de votos no segundo turno.

Lula destaca ainda a importância da “solidariedade internacional, em que estão empenhados vários companheiros de diferentes nacionalidades para nossa luta pelo Brasil e de resistência a brutal perseguição judicial” de que é vítima.

Na conversa, o deputado Schulz frisou que todo o processo contra Lula é de natureza duvidosa, e que a presunção de inocência deveria valer até a última instância de julgamento. Questionou a independência do juiz Sergio Moro – agora ministro da Justiça do governo de Bolsonaro – e declarou que percebe o perigo que corre a democracia no Brasil, com as ameaças que têm por alvo os direitos de minorias e também de membros das oposições.

Tanto ele como o professor Jessé destacaram a importância das políticas inclusivas que foram desenvolvidas no Brasil e em outros países da América Latina durante os governos de centro-esquerda que predominaram por algum tempo na região, inclusive no Brasil. O deputado assumiu o compromisso de lutar pelos direitos do ex-presidente tanto na Alemanha como também junto aos representantes no Parlamento Europeu.

Em depoimento, Schulz voltou a frisar suas dúvidas quanto à lisura do processo contra Lula, ressaltando a visita que fez ao ex-presidente na prisão em Curitiba e seu convencimento de que, no seu julgamento, prevaleceram razões de ordem política sobre aquelas de natureza jurídica.

O professor Jessé também deu um depoimento posterior, sublinhando a importância do encontro e da articulação internacional em torno da luta pelos direitos humanos e pela justiça para com o ex-presdidente.

Houve destaque também para a campanha em torno da outorga do Prêmio Nobel da Paz para Lula.

Aqui, a íntegra da carta de Lula: