Anistia Internacional: a volta do tempo do ‘odeie seu vizinho’

Gage Skidmore/Flickr Segundo a Anistia, slogans de Trump são discriminatórios e ameaçadores para imigrantes e estrangeiros A Anistia Internacional lançou um brado de alerta, em novo relatório, dizendo que os […]

Gage Skidmore/Flickr

Segundo a Anistia, slogans de Trump são discriminatórios e ameaçadores para imigrantes e estrangeiros

A Anistia Internacional lançou um brado de alerta, em novo relatório, dizendo que os tempos do “odeie seu vizinho”, característico dos anos 30 do século passado, estão de volta.

O documento parte da situação inglesa depois da votação do Brexit, em junho do ano passado. Aponta o texto que os ataques motivados por intolerância étnica, política, religiosa ou outra tiveram um aumento vertiginoso no país depois daquele plebiscito, afirmando que as denúncias aumentaram 57% em relação ao ano anterior. Kerry Moscoguiri, diretora da Anistia britânica, apontou que se agravou o clima de hostilidade contra refugiados e imigrantes, sobretudo crianças desacompanhadas.

Tirana Hassan, diretora de pesquisas sobre crises da Anistia, alertou que está se alastrando universalmente o sentimento de “algumas pessoas são menos humanas do que outras”.

A organização deu como referências diretas desta nova situação, além da situação britânica e dos preconceitos contra refugiados e imigrantes, a atuação do chefe de governo húngaro, Victor Orban, do novo presidente norte-americano, Donald Trump e do filipino Rodrigo Duterte, com sua pregação a favor do assassinato de narcotraficantes e também de drogados.

Outra diretora da Anistia britânica, Kate Allen, fez uma referência direta ao discurso de Trump sobre “making America great again” – “tornar os Estados Unidos de novo grandes” –, como discriminatório em relação a outras coletividades, além “hacking back our country” –, “tomar de volta o nosso país” –, frase considerada ameaçadora em relação não só aos muçulmanos, mas também a imigrantes e estrangeiros de um modo geral.

Moscoguiri ainda se referiu aos bombardeios aéreos contra populações civis na Síria e no Iêmen, também contra instituições hospitalares, e ao uso de armas químicas em conflitos armados, denunciando que está em vigência um clima de que algumas pessoas têm direitos humanos e outras não.

Apesar desta deterioração generalizada, o documento ressalta que há reações positivas, como o fim pacífico da ditadura na Gâmbia.

Às denúncias da Anistia poder-se-iam ajuntar outras, como a dos avanços generalizados de grupos políticos de extrema-direita na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina.

Nosso país não escapou nem escapa deste avanço das campanhas de ódio, promovidas por grupos e por mídias que desejam avidamente barrar os avanços das esquerdas e a promoção de mais direitos sociais para pobres e minorias ou grupos que sofrem discriminação.

Campanhas como “vamos tirar o Brasil do vermelho” e outras contra o uso de roupas desta cor só aumentam o clima de insegurança e repressão. Também a campanha aberta de ódio e de perseguição policial e judicial ao ex-presidente Lula entra nesta referência.

Do lado positivo ainda se poderiam mencionar iniciativas como a da reconstrução de uma mesquita incendiada nos Estados Unidos, no estado do Texas, ou a de cidadãos muçulmanos, no mesmo país, que arrecadaram 55 mil dólares para ajudar a reparação de um cemitério judaico que foi profanado por autores ainda desconhecidos.

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