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Parlamento da Coreia do Sul afasta presidenta eleita

Park Geun-hye foi acusada de corrupção e abuso de poder

Republic of Korea/Flickr CC

Geun-Hye foi acusada de corrupção e abuso de poder. Grandes manifestações nas ruas pediam seu afastamento

Nesta sexta-feira (9), o Parlamento da Coreia do Sul tomou a decisão de afastar a presidenta Park Geun-hye por 234 votos contra 56. Eram necessários 200 votos para afasta-la. Houve ainda nove abstenções ou votos nulos.

A presidenta foi acusada de corrupção e abuso de poder. Grandes manifestações nas ruas pediam seu afastamento. A principal acusação contra ela era a de ter favorecido sua amiga pessoal Choi Soon-si com informações de Estado sigilosas e ter assim a favorecido a obter vantagens financeiras da ordem de uma dezena de milhões de dólares.

Esta não é a primeira controvérsia a respeito de seu governo. Ela já foi acusada de exercer uma forma de censura em relação a jornalistas, exigindo que nas entrevistas as perguntas lhe sejam entregues com antecedência, por escrito, além de atitudes consideradas autoritárias, como lançar um decreto sobre vestimenta feminina que praticamente proibia a minissaia. Os protestos contra ela se avolumaram a partir de 2015.

Choi Soon-si era filha de um líder religioso que exerceu grande influência sobre o pai de Park Geun-hye, Park Chung-hee, que governou a Coreia do Sul com poderes ditatoriais de 1961 até 1979, quando morreu assassinado pelo chefe do Serviço Secreto do país, Kim Jae-gyu. Este e outros participantes do complô que levou ao assassinato foram presos, julgados e executados no ano seguinte.

Os motivos de Kim Jae-gyu são controversos até hoje. Alguns apontam desavenças pessoais, outros mencionam desavenças políticas, com Park numa linha mais dura e ditatorial do que o desejado por Kim, tese que vem sendo reforçada ultimamente.

Park Geun-hye foi a primeira mulher a ser eleita presidenta do país e a primeira em sua história a ser afastada por impeachment. Ela liderava uma corrente considerada “linha-dura” contra a Coreia do Norte. Caberá agora à Suprema Corte sul-coreana confirmar ou não, em até 180 dias, o afastamento.

Se no país houvesse eleições hoje, um forte candidato seria Moon Jae-in, líder do Partido Democrático, de oposição. Mas há outros fortes concorrentes, como Park Won-Soon, atual prefeito de Seul, a capital, e Ahn Sheol-soo, um empresário do setor da informática. Também se espera alguma posição por parte do Secretário Geral da ONU, o também sul-coreano Ban Ki-moon, que foi ministro de Relações Exteriores do país e vinha demonstrando a intenção de se candidatar ao posto.

O afastamento da presidenta se dá num momento de alta tensão na região, depois da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e o anúncio de que ele suspenderá a participação do seu país no projeto da Parceria Trans-Pacífica, o que a condena praticamente ao encerramento, além de ter dado declarações dizendo que vai mudar a relação financeira com seus aliados o que, na região, inclui, além da Coreia do Sul, também o Japão.

Outro elemento importante para este clima de insegurança foi o telefonema do presidente norte-americano eleito para a presidenta de Taiwan, Tsai Ing-wen, contato que não acontecia desde 1978, quando os EUA e a China reataram relações diplomáticas. O telefonema provocou uma reação imediata de desagrado por parte de Pequim, que agora pede ao atual governo norte-americano que impeça uma viagem de Tsai Ing-wen a Nova Iorque para encontrar-se com Trump.

Em 1972 o então presidente Richard Nixon, dos EUA, visitou Pequim, em meio à chamada “Diplomacia do ping-pong”. Em 1978 o presidente Jimmy Carter reconheceu Pequim como o único governo da China e fechou a embaixada na capital de Taiwan, Taipé.

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