Na terça-feira (28) à noite, horário da Europa, o alvo foi o aeroporto de Atatürk, em Istambul. Saldo, até a manhã da quarta-feira seguinte: pelo menos 41 mortos (incluindo cinco policiais) e 239 feridos, com 109 ainda internados, além de três presumidos assaltantes. O estilo do ataque seguiu o de Paris, em novembro passado. Três homens desceram de um táxi, entraram no aeroporto e começaram a atirar em quem viam pela frente. Ao serem confrontados pela polícia, explodiram as bombas que levavam presas aos coletes.

As autoridades turcas atribuíram o ataque ao Estado Islâmico (EI) que, até a manhã desta quarta, não assumira a responsabilidade pelo atentado. Em análises anteriores, eu fizera a macabra previsão de que algo parecido estava para acontecer. O Estado Islâmico vem sofrendo uma série de reveses militares no Iraque e na Síria. No Iraque, perdeu Fallujah, primeira cidade que conquistou, ainda em janeiro de 2014. Perdeu outras cidades importantes na região. Mosul, no Iraque, e Raqqa, na Síria, estão na iminência de serem atacadas. Era previsível que nesta circunstância, o EI promovesse alguma ação espetacular, para recuperar prestígio. Não deu outra, infelizmente.

O aeroporto de Atatürk, cujo nome homenageia o primeiro presidente da República da Turquia (Mustafa Kemal A.), fundada em 1923, depois da dissolução do Império Otomano, é um dos dois aeroportos internacionais da cidade, de quase 14 milhões de habitantes, a quarta do mundo.

Istambul, que já foi conhecida como Bizâncio e Constantinopla, foi formada no século 15 pela junção daquela com Calcedônia, cidade fundada do outro lado do estreito, e que deu o nome a uma variedade muito valiosa de quartzo.

Istambul é a única cidade que se situa simultaneamente em dois continentes, a Europa e a Ásia, ali separadas pelo mar de Mármara e o estreito de Bósforo. Atatürk fica no lado europeu da cidade. O lado asiático é o mais populoso, mas em grande parte esta população vai trabalhar no lado europeu. O aeroporto de Atatürk é o mais movimentado da Turquia e o terceiro em movimento na Europa.

Estes aeroportos são constantemente usados, sobretudo o de Atatürk, por militantes do EI que transitam entre a Europa, a Síria e o Iraque. Não surpreende, portanto, que tenha sido alvo deste ataque, que é o terceiro registrado na cidade em 2016.

Estes atentados vêm produzindo danos ao turismo, que é uma das principais fontes de renda do país. Em maio deste ano, as cifras indicavam uma queda de um terço na movimentação, quando comparada à do mesmo mês do ano anterior.

Recentemente a polícia alemã anunciou ter desbaratado um grupo semelhante (também de pelo menos três pessoas) que planejava ação parecida numa das ruas mais movimentadas da cidade de Düsseldorf.

É muito provável que novos ataques deste gênero estejam em planejamento.