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Processo contra ex-presidente Sarkozy pode mudar política francesa

Acusado de suborno e abuso de poder, ele vinha fomentando a ideia de seu retorno à política, contrapondo-se ao crescimento da extrema direita do país

CC / Wikimedia

Acusação e processo criminal podem reduzir chances de Nicolás Sarkozy retornar à Presidência da França

O ex-presidente da França, Nicolás Sarkozy (2007-2012), foi indiciado em investigação judicial, acusado de tentativa de suborno e abuso de poder, junto com seu advogado Thiery Herzog e mais um juiz daquele país. A acusação se refere à investigação sobre o financiamento de sua campanha eleitoral, quando ele teria recebido contribuições secretas, até mesmo do ex-presidente líbio Muhammar Ghadaffi. Sarkozy e seu advogado teriam, segundo a acusação, tentado subornar o juiz encarregado do caso em troca de obtenção de um posto elevado na carreira.

Sarkozy foi detido pela polícia durante 15 horas e levado à presença do juiz encarregado desta nova investigação para interrogatório. Terminado este, o magistrado decidiu que havia elementos suficientes para abrir a investigação oficial. As condenações, caso os réus sejam de fato processados e  considerados culpados, podem chegar a dez anos de prisão.

O processo é um golpe político duro para o ex-presidente,  que vinha preparando seu retorno à política, possivelmente candidatando-se à sucessão de François Hollande. A popularidade deste está em baixa, e, por outro lado, não surgiu nenhuma liderança capaz de sobrepor-se à do ex-presidente no seu partido, UMP – União por um Movimento Popular – fundado em 2002 com a fusão de correntes de direita e centro-direita.

Com a ascensão da Frente Nacional, de extrema-direita, e de sua líder, Marine Le Pen, no cenário político francês, Sarkozy vinha fomentando a ideia de ser ele o único político capaz de se contrapor a esta verdadeira “ameaça”. Que Marine Le Pen e sua FN sejam uma ameaça, todos – exceto, naturalmente, seus partidários e simpatizantes em outros países  – concordam.

Marine Le Pen e seu pai – o controverso fundador da FN, Jean-Marie Le Pen – acabam de tomar posse como deputados no Parlamento Europeu, e são reputados os líderes mais fortes do possível bloco de extrema-direita, formado pelos chamados anti-União Europeia e eurocéticos, em Estrasburgo, sede do Legislativo continental.

Já marcaram presença na terça-feira, durante a posse da nova legislatura, permanecendo sentados, enquanto os demais se levantavam, durante a execução da peça musical “Ode ao Júbilo”, de Ludwig van Beethoven. Outros membros da extrema-direita europeia se levantaram, mas deram as costas para o assento da presidência da casa.

Se a eleição francesa fosse hoje, é possível que Sarkozy – ou outro candidato de direita – chegasse ao segundo turno, para disputá-lo com Marine Le Pen, eliminando François Hollande. E faz parte da campanha pró-Sarkozy, que teria de reconquistar a liderança da UMP, a ideia de que qualquer outra candidatura seria derrotada  por ela.

Agora o embrulho do pacote ganhou um novo nó. Tudo pode depender da recuperação do atual presidente nas intenções de voto.

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