eleições do chile

O poder de Bachelet vai depender da sua capacidade de mobilizar o povo chileno

Derrota de Sebastián Piñera mostra que fim do ciclo esquerda proclamado em 2010 foi um caminho de pernas curtas. Desigualdade crescente fez população optar pelo retorno de Bachelet

Sebastian Silva/EFE

Bachelet, primeira mulher a comandar o Chile, terá de corresponder ao desafio das reformas

A vitória da candidata à presidência Michelle Bachelet sobre a conservadora Evelyn Matthei – governista lançada pelo atual dirigente Sebástian Piñera – nas eleições chilenas marcou a primeira volta de uma ex-presidenta ao governo do Chile. Bachelet foi eleita a nova presidenta, com 62,2% a 37,8% dos votos válidos, segundo resultado divulgado pela Serviço Eleitoral chileno. Para o comentarista Flávio Aguiar, da Rádio Brasil Atual, a presidenta, que já governou o país entre 2006 e 2010, precisará “mobilizar novamente o povo chileno”.

“Há quatro anos, quando o Sebástian Piñera foi eleito no Chile, houve uma espécie de comemoração e toda a mídia conservadora dizia que ia acabar o ciclo da esquerda na América Latina, na América do Sul, que os chilenos estavam mostrando um novo caminho, porém foi um caminho de pernas curtas. Sebastián Piñera não conseguiu enfrentar a maior parte dos problemas que estão progressivamente agravando a vida dos chilenos.

No Chile existe uma desigualdade crescente, e isso é uma coisa que traz insatisfação para as pessoas. Além disso, o sistema educacional do país é muito retrógrado. Ele foi inteiramente privatizado, o que o elitizou consideravelmente. Uma das grandes pressões que se colocaram sobre o governo e que ele não soube atender foi exatamente o ensino público e gratuito em todos os níveis, e a candidata de Piñera, Evelyn Matthei, não conseguiu sair da prisão das ideias neoliberais.

A campanha de Bachelet foi apoiada em uma série de promessas… vamos ver se ela terá condição de cumpri-las. É bom lembrar que embora ela tenha vencido por uma diferença expressiva, foi algo como 66% a 34% dos votos válidos ou um pouco mais. O comparecimento da população foi muito baixo. Está sendo retratado como o comparecimento mais baixo da história chilena desde a ditadura de Pinochet. O poder de Bachelet vai depender muito da sua capacidade de mobilizar novamente o povo chileno.”

Ouça aqui o comentário completo de Flávio Aguiar à Rádio Brasil Atual.

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