Atentado em Boston deixa muitas dúvidas e pelo menos uma certeza

Tom dos noticiários antecipa clima de ‘caça ao terror’ que deverá tomar EUA após explosão de bombas em Boston (CC/dpstylesTM) Ainda não há pistas nem mesmo informações esparsas que permitam […]

Tom dos noticiários antecipa clima de ‘caça ao terror’ que deverá tomar EUA após explosão de bombas em Boston (CC/dpstylesTM)

Ainda não há pistas nem mesmo informações esparsas que permitam conjeturas abalizadas sobre a autoria do atentado a bomba(s) ao fim da maratona de Boston, que deixou até o momento (14h00 em Berlim, 9h00 em Brasília, de 16 de abril) três mortos e pelo menos 140 feridos, muitos em estado grave, outros em estado crítico. Fala-se na perda de membros por vários deles.

Policiais interrogaram dois jovens sauditas (claro!), mas não houve detenções. Há notícias de que o FBI revistou um apartamento nas proximidades, e levou material. Mas nada vazou sobre o que era este “material”, levado dentro de um saco plástico.

Ainda assim, algumas conjeturas já correm os comentários.

Uma delas aponta a coincidência entre o atentado e a greve de fome dos detentos na prisão de Guantánamo, em geral islâmicos acusados ou meros suspeitos de atividades terroristas, muitos em situação completamente ilegal. Seria um ato de “apoio” ao movimento dos prisioneiros?

Contra esta conjetura levantam-se dois argumentos: em si o atentado não “apoia” nada, e especialistas apontam que a preparação do atentado deve ter levado meses, pela explosão de duas bombas quase simultaneamente, além da preparação do artefato e sua locomoção, embora, aparentemente, eles pudessem caber em mochilas normais. Por outro lado, pelo menos a Al-Qaïda/Paquistão negou qualquer envolvimento.

Outra conjetura, em outra direção, aponta para duas coincidências. A primeira diz respeito à data. Em 19 de abril “comemora-se” o aniversário do pior atentado nos Estados Unidos depois do ataque às torres gêmeas em Nova Iorque, em setembro de 2001. Ele ocorreu em 1995, com a colocação de uma bomba em um prédio federal na cidade de Oklahoma City, capital do estado homônimo, no meio-oeste dos Estados Unidos. Um grupo para-militar de extrema-direita (quase todos presos e condenados, um deles à morte) protestava contra o governo norte-americano, e o atentado deixou 168 mortos, entre estes muitas crianças, e mais de 600 feridos.

A segunda coincidência diz respeito ao tipo de artefato usado: uma bomba de fragmentação de fabricação caseira. Uma bomba de fragmentação é aquela que além de explodir espalha pedaços de metal destinados a provocar o maior número de ferimentos no maior número de pessoas possível. Na fabricação caseira usam-se pregos, parafusos, metais cortantes etc. Em geral, por seu poder destrutivo disseminado, a bomba é usada em locais de grande concentração humana – como na maratona de Boston.

E como em outro atentado, também de extrema direita, ocorrido no Parque Olímpico de Atlanta, no estado sulino da Georgia, em 1996, com dois mortos e 111 feridos. Este fez parte de uma série de atentados cometidos, aparentemente, por um único indivíduo que mais tarde foi preso e condenado à prisão perpétua. No caso de Boston, as bombas usadas, segundo o FBI, seriam de pequena potência, o que não as torna menos letais ou danosas para quem estiver próximo.

Mas igualmente tais projeções à direita são conjeturas apenas. Entretanto, uma coisa é certa. Os atentados, que são condenáveis, sem dúvida, vão reativar a paranoia que está sempre latente na cultura política norte-americana, o que pode atrasar ou pelo menos dificultar discussões importantes. Uma delas é a do aumento do controle sobre vendas de armas e munições. E a outra é a do fechamento da prisão de Guantánamo, uma das promessas não cumpridas do presidente Barack Obama.

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