O papa se vai. Viva o papa!

Ratzinger deixará o Vaticano e, como de praxe, já se fazem debates para escolher seu sucessor (©Giampiero Sposito/Reuters) Nesta segunda-feira de Carnaval (11) o Papa Bento XVI surpreendeu o mundo […]

Ratzinger deixará o Vaticano e, como de praxe, já se fazem debates para escolher seu sucessor (©Giampiero Sposito/Reuters)

Nesta segunda-feira de Carnaval (11) o Papa Bento XVI surpreendeu o mundo ao anunciar sua renúncia ao Trono de São Pedro. É a primeira vez em mais ou menos 600 anos que um Papa renuncia a seu posto. Alegação: doença e incapacidade (física, talvez espiritual) para permanecer o cargo.

Depressão? É o que se insinua no noticiário. Que o papa tinha um caráter depressivo, isso era notório. Mas o que avulta nisso é que o outrora poderoso Cardeal Ratzinger, o homem da doutrina que mandava calar os teólogos da libertação da América Latina, não conseguiu gestar um papa relevante para o Vaticano.

O papa estava enfraquecido desde os últimos escândalos cercando o Banco do Vaticano, acusado de não ter defesas eficazes contra a lavagem de dinheiro, e as revelações indiscretas feitas pelo seu mordomo, que ele acabou perdoando.

De certo modo sobre ele pesava a sombra de seu antecessor, o arqui-conservador João Paulo II, mas um “globe-trotter” em escala global, inclusive na mídia.

Agora já se discute sua sucessão. Na mídia internacional, aparece o nome do cardeal Peter Turkson, nascido em Gana, na África. Seria o primeiro papa negro da história (ainda que o nome “Papa Negro” fosse dado ao Superior da Ordem dos Jesuítas durante muito tempo).

Turkson, jovem para o cargo (nasceu em 1948), foi nomeado cardeal por João Paulo II em 2003, e Presidente do Conselho Pontifício para a Justiça e a Paz em 2009,  por Bento XVI. Considerado um erudito em matérias bíblicas, e com trânsito nos meandros do Vaticano, Tuskson defende plosições ortodoxas em matéria de sexo, pregando sua abstinência como melhor solução para conter a AIDS, embora reconheça que a camisinha possa ser usada no caso de casais estáveis em que um dos parceiros esteja contaminado. Ao mesmo tempo, manifestou-se várias vezes de modo crítico em relação ao FMI, e pediu a criação de um novo sistema financeiro internacional, que controle melhor a atual orgia bancária.

A ver o que dirá o Colégio dos Cardeais a partir de 28  de fevereiro, data em que Bento XVI deixará oficialmente o (en)cargo.