A ‘guerra de classes’ nos EUA

Os principais candidatos republicanos nas eleições dos EUA, Rick Perry e Mitt Romney: sem mexer no bolso dos muito ricos (Foto: Mario Anzuoni/Reuters) Recentemente os pré-candidatos republicanos – os mais […]

Os principais candidatos republicanos nas eleições dos EUA, Rick Perry e Mitt Romney: sem mexer no bolso dos muito ricos (Foto: Mario Anzuoni/Reuters)

Recentemente os pré-candidatos republicanos – os mais bem cotados até agora são Rick Perry e Mitt Romney – além de outros membros desse partido nos EUA, têm acusado o presidente Barack Obama de promover “a guerra de classes” nos EUA, ao pretender elevar os impostos sobre grandes fortunas, investimentos de capital e grandes corporações.

Com base em alguns dados obtidos em diferentes fontes do New York Times, vamos dar uma olhada nessa “guerra de classes”.

A proposta de Obama, apresentada ao Congresso, chama-se “Proposta Button”, em homenagem ao milionário norte-americano que afirma seguidamente querer pagar tanto imposto quanto seus empregados, já que paga menos porque seus ganhos vêm sobretudo de ganhos de capital.

Um assalariado médio nos EUA paga em média entre 25 e 30% de seu salário em imposto de renda. Já os ganhos de capital são taxados em 15% ou menos. Dados recentes mostram que quem ganha acima de um milhão de dólares em ganhos de capital por ano paga 12,6% de imposto de renda.

Ao fim da Segunda Guerra, para cada dólar que o fisco recolhia de indivíduos, ele arrecadava 1,5 sobre os lucros das empresas. Hoje, essa relação é para cada dólar de contribuintes físicos, o governo arrecada 25 centavos das empresas. Também ao fim da Segunda Guerra, 91% da arrecadação federal vinha de impostos sobre os ricos; hoje, a percentagem é de 35%. O resto vem dos assalariados e da classe média.

Outros dados mostram que, entre 1979 e 2005, a renda das famílias de classe média cresceu em média 21%. A dos ricos cresceu 480%, de 4,2 milhões de dólares por ano para 24,3 milhões.

Por outro lado, a pobreza cresceu. Tomando a cidade de Nova Iork hoje, um em cada cinco habitantes vive abaixo da linha de pobreza (nos EUA equivale a ganhar 18.310 dólares por ano, ou menos). Isso representa 1,6 milhão de habitantes. Só em 2010, 75 mil novaiorquinos cruzaram a linha de pobreza – para baixo.

Das mães de origem hispânica, que sustentam sozinhas a família, 58% vivem abaixo da linha da pobreza. E 30% dos menores de 18 anos também vivem abaixo dessa linha. O nível proporcional de pobreza em Nova Iork é menor do que em cidades como Dallas e Houston (Texas), Chicago (Illinois), Minneapolis (Minnesota), Boston (Massachussets) e Los Angeles (Califórnia).

A acusação republicana baseia-se na superstição de que tirar dinheiro dos muito ricos e das grandes corporações equivale a cortar investimentos e empregos. Na verdade, nos últimos tempos, quanto mais capital disponível ricos e corporações têm, mais eles investem nos mercados financeiros globais.

As políticas e as superstições neo-liberais levaram os Estados Unidos à atual situação de empobrecimento (não só econômico, mas também intelectual e moral) e também levaram a Europa à crise do Euro e da União Europeia.

Mas os líderes republicanos não estão nem aí para isso, assim como não estão nem aí quando se trata de considerar os problemas climáticos e de aquecimento global devido às emissões de carbono, entre outros fatores.

O que mostra que tipo de guerra pode vir pela frente, se um dos candidatos republicanos vencer no ano que vem.

Sem falar nas militares.