Guerra na internet:…e Assange afinal saiu da prisão! Saiu?

Assange e o senador independente dos EUA, J. Lieberman (Fotos: Montagem sobre fotos de divulgação) O tribunal britânico encarregado de julgar a possível extradição de Julian Assange, fundador e porta-voz […]

Assange e o senador independente dos EUA, J. Lieberman (Fotos: Montagem sobre fotos de divulgação)

O tribunal britânico encarregado de julgar a possível extradição de Julian Assange, fundador e porta-voz do site Wikileaks, autorizou que ele responda o processo em liberdade, mediante depósito de fiança e com regras de controle muito estritas. Ele deverá obedecer a uma espécie de “toque de recolher” e deverá também comparecer diariamente a uma delegacia ou tribunal para “dar sinal de vida”.

No entanto, Assange continuava preso. Iniciamente, pensou-se que a promotoria sueca tivesse recorrido da decisão do tribunal britânico, mas depois os promotores suecos negaram terem tido qualquer interferência no caso. A seguir, divulgou-se (e foi confirmado) que a oposição à liberdade sob fiança partiu da própria promotoria britânica. Enquanto o recurso não for julgado, ele deveria permanecer na prisão.

Segundo informes da própria justiça britânica, o caso deveria ser reapreciado em 48 horas (na sexta de manhã), enquanto a decisão sobre a extradição – passível de recurso, qualquer que ela seja – deverá sair até o começo de janeiro. O processo todo poderá durar meses. Entretanto, na tarde mesma desta quinta-feira (16), a Suprema Corte britânica decidiu em favor da liberdade durante o julgamento mediante o depósito de uma fiança monumental: mais de 200 mil libras, sem contar as despesas judiciais, que vão a mais 60 mil. Mas Assange tem apoiadores de peso, que vão garantir esses montantes, porque suas contas estão bloqueadas

As condições da prisão de Assange eram muito estritas. De acordo com seus advogados e com sua mãe, que o tem visitado, ele permenece isolado durante 23 horas e meia por dia, sem acesso a jornais, TV, ou qualquer outro meio de comunicação, o que vem sendo interpretado como uma forma de censura. Isso pesou na decisão da corte britânica, assim como o fato de que existe a presunção de que o caso contra ele, na Suécia, é “fraco”.

A batalha “intergalática” pela internet continua. Recentemente a Força Aérea dos Estados Unidos proibiu seus membros de acessarem tanto o Wikileaks como os jornais que vem noticiando informações a partir dos vazamentos, como o norte-americano The New York Times e o britânico The Guardian. O mesmo fez a Biblioteca do Congresso em Washington.

Os ataques pela internet contra os sites das instituições que ou bloquearam as contas de Assange e da Wikileaks (como o banco suíço Paypal, a Mastercard e a Visa) ou expulsaram o site de seus portais (como a Amazon) diminuiram de intensidade, mas não pararam de todo. Da mesma forma a promotoria e a justiça suecas continuam na mira dos atacantes, apesar de Assange ter declarado que não apóia essa forma de retaliação.

Na verdade não há como prever ainda o que vai acontecer. Processos sobre casos de violência sexual costumam ser muito rigorosos na Europa, em especial na Suécia. Mas por mais que a promotoria sueca e os advogados das acusadoras de Assange jurem que esse processo “nada tem a ver com o caso Wikileaks”, é óbvio que ele leva a essa consideração do vínculo entre uma coisa e outra.

A pressão que o establishment – não só o governo – norte-americano vem fazendo para “neutralizar” o site Wikileaks e o próprio Assange é enorme. Ele tornou-se o inimigo n* 1 dos Estados Unidos, no momento, ao lado de outro “nº 1”, Osama Bin Laden. É claro que nesse caso sim, um nada tem a ver com outro, mas não é assim que pensam certos exaltados até no Congresso norte-americano, como o senador J. Lieberman, que posa de “independente” mas no momento fecha com os republicanos.

O que se pode assegurar é que haverá uma internet antes e depois de Julian Assange e Wikileaks. Eles já entraram para a história.

Entretanto, pelas reações exacerbadas contra o jornalista e o site, parece que a diplomacia norte-americana não vai alterar muito seus métodos. Talvez as suas salvaguardas, e o estilo mais ousado de alguns diplomatas. Mas a espionagem vai continuar. Afinal, como se comprovou, ela é e vai continuar sendo a alma do negócio.