Europa: estoura a gripe suína

Com o inverno no Hemisfério Norte, mais grave que o aumento no número de casos são indícios de sonegação de informação

Em agosto, hospitais do Distrito Federal chegaram a atender 90 pacientes por dia (Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil)

Foi de repente, não mais que de repente. Apareceu na televisão, explodiu na internet. Desde julho, pelo menos, 30 mil casos de gripe suína na Alemanha. Com a chegada do frio do outono, um aumento dramático dos casos: de 1.800 por semana, para 3.000. Seis mortos até agora.

O mais dramático, no entanto, é que até agora nada tinha passado por algum comentário em algum lugar da mídia alemã. Mas os dados foram passados agora por nada mais nada menos que o dr. Jörg Hacker, diretor do Robert Koch Institut, especializado em endemias, pandemias e epidemias – um Emílio Ribas alemão.

Deu um estupor: na mídia, em todo mundo, em mim. Como pode? Estamos na Alemanha, não no Brasil, é o que o nosso preconceito de imediato sugere. Mas o fato é que no Brasil, com todas as precariedades do nosso sistema de saúde e informação, esta é segura. Sabíamos, por exemplo, com dados do Ministério da Saúde, que em setembro, no fim do inverno da região sulbrasileira, tínhamos 10 mil casos da gripe suína e 900 mortos, em números aproximados – mas confiáveis, e divulgados.

O que espantou aqui foi a sonegação da informação, o que certamente provocará uma investigação e debates, em busca da confirmação dos números e dos fatos. Outro números saltaram: na vizinha Ucrânia os casos já somam uma cifra que varia, segundo a fonte, de 70 a 190 mil, e os mortos já estariam pelos milhares. De seguro, 10 mil casos, com óbitos sem informação (!). A Suíça teria enviado 60 toneladas de ajuda humanitária à Ucrânia para combater o surto da gripe.

De todo modo, é necessário esperar para ter dados mais precisos em dimensão européia. Mas aquilo que pensávamos – ou que a direita sempre quer pensar – que falta de informação é coisa do nosso governo, não se confirma assim tão facilmente.

Estou gripado. Felizmente, não é a gripe suína. É apenas uma gripe porca, daquelas que a gente fica preso em casa, com dor de garganta e nariz entupido. Mas você, caro leitor ou cara leitora, não ouviu o imenso suspiro de alívio que me saiu do peito quando escrevi estas últimas linhas.