sujeira

Bolsonaro: o Laranjão, as laranjas, os laranjinhas, as laranjas azedas e a laranjada

Nacional e internacionalmente, o novo governo, depois de pouco mais de 20 dias de sua 'gestão' – e juntamente com a família do presidente –, transformou-se num imenso laranjal

Alan Santos/PR

Triste e bufo espetáculo de Davos confirmou que esta tragicomédia a que fomos introduzidos tem como protagonista o Laranjão

Eu pensei que a fruta-prima do governo Bolsonaro seria a goiaba, devido tanto à árvore em que Jesus foi visto por eminente prócer do ministério, quanto às dezenas de milhares de goiabas (bem, havia bananas também) que votaram nele para impedir a volta do PT e “limpar o país da corrupção”.

Mas não. Logo os (assim, no masculino) laranjas tomaram o proscênio deste teatro obsceno.

O triste e bufo espetáculo de Davos confirmou que esta tragicomédia a que fomos introduzidos tem como protagonista o Laranjão.

Trata-se de um presidente que não sabe onde está, não sabe por que fala, nem para quem fala, que toma o nome de Deus em vão, que cita fake-dados insustentáveis (“o Brasil tem a maior área florestal do mundo”),

Que abusa da boa-vontade histórica (seu ministério é “o primeiro da nossa História que é tecnicamente competente” – pobre do Barão do Rio Branco, pra ficar só no caso do Itamaraty…), que não há ideologia em seu governo….

Eu poderia continuar citando as barbaridades, mas chega: basta ler os já enunciados comentários em outros artigos. Importa provar: o nosso presidente não tem competência para nos apresentar ao mundo, nem mesmo para se apresentar ao mundo. Foi uma decepção generalizada, mesmo pra quem é partidário da direita e do neo-líbero-direitismo que cresce no mundo.

Um Laranja, posto lá para engambelar eleitor.

Bom, mas uma das chaves do seu fracasso é que o mundo  inteiro está sabendo das dificuldades por que ele passa no Brasil, com sua conturbada família no epicentro de escândalos financeiros complicados e também juntando denúncias escabrosas sobre sua possível participação em articulações do crime organizado. Esses laranjas-goiabas não sabem como o caso Mariellle repercutiu no mundo inteiro.

São néscios, idiotas que se acostumaram com a sensação de impunidade que uma educação numa família autocrática lhes deu.

E aí vem a turma dos laranjinhas, pequenos, mas não menos danosos: o ex-chofer, a ex-isto, o ex-aquilo, empregados nos escritórios da famíglia e que, ao que tudo indica, faziam depósitos para lá e para cá, recebiam outros indevidos etc. Pequenos ratos e ratazanas, que agora se converteram um pulgas na camisola dos laranjas e do Laranjão.

Bem, se eu fosse o tal de ex-motorista, desaparecia mesmo. Apontado como o PC Farias deste esquema, é capaz de ter o seu fim.

Este desfile de laranjas levou às laranjas azedas do espetáculo: acusados de crimes horríveis rondam a periferia da famiglia. E o mundo inteiro sabe. Também por isto o Laranjão não teve sucesso em Davos. Os silêncios foram tão eloquentes quanto as vagas afirmações que disse. Nada falou sobre o que todo mundo sabe estar escondido em seu armário.

Aliás, o ex-juiz Moro também padeceu desta “silencite” aguda. Ou seria um “silêncio obsequioso”?

Todos os laranjeiros primam por uma fé cristã de primeira, “Deus acima de tudo” (o Laranjão não consegue perceber o ridículo de dizer isto num fórum daqueles). O próprio Guedes, louvado por seu neo-liberalismo, também não está sendo mais feliz: fala de vagas privatizações, reformas e mais reformas, mas de concreto até agora nada apresentou.

Em suma, o governo de Bolsonaro transformou-se, nacional e internacionalmente, num imenso laranjal. Além dos protagonistas, há 55 milhões de candidatos ao Oscar de coadjuvantes desta comédia macabra, dos quais, avalio, uns 35 milhões são meros goiabas. Os outros, são de fato viúvos da ditadura e canalhas mesmo, gente que acha, convictamente, que é melhor do que os outros e quer manter o mantra de seus privilégios.

Tamanho é o descalabro, que um jornalista equilibrado como Luis Nassif, que admiro, estima que o governo do Laranjão vai acabar logo.

Tenho minhas dúvidas. Porque se ele cair antes de dois anos, pela regra constitucional teria de haver nova eleição. Ninguém que administre este pomar de laranjeiras e goiabeiras em que o governo brasileiro se transformou, quer isto.

Porque o PT ou as esquerdas de um modo geral perigam voltar.

Os militares não querem. Moro e a República de Curitiba não querem. O Congresso direitoso não quer. Mike Pompeo, John Bolton, Steve Banner e Olavo de Carvalho, além do Instituto Millenium, não querem (Trump está ocupado com outras coisas). Matteo Salvini não quer. Victor Orban não quer.

Ou seja, tudo, de momento, pode acabar em laranjada.

Ah…. Bom tempo em que as coisas acabavam em pizza!