tiros no pé

Globo finalmente conseguiu derrubar alguém: a oposição tucana

Já estava ruim ter Eduardo Cunha com contas na Suíça como líder do impeachment. Agora com Aécio no mesmo caldeirão, piorou muito

Fotos Públicas

Cunha e Aécio, comandantes das ofensivas contra governo Dilma, atrapalhados por seus próprios deslizes

Nas ruas e nas redes é cada vez mais comum vermos a TV Globo ser chamada de golpista. Não sem motivo. O próprio grupo Globo admitiu em editorial público ter apoiado a ditadura. Já estiveram envolvidos no escândalo Proconsult, que pretendia fraudar a eleição de Leonel Brizola ao governo do Rio de Janeiro, em 1982, já manipularam debates eleitorais, e seus noticiários são conhecidos por proteger “amigos” e perseguir “inimigos”, segundo o critério ideológico e os interesses financeiros dos donos da emissora.

Nos últimos tempos, o jornalismo do grupo Globo tem se empenhado no “golpe paraguaio” para derrubar a presidenta Dilma. O Jornal Nacional adotou praticamente uma pauta única: a Operação Lava Jato. O problema é que quanto mais aprofunda para achar alguma coisa que derrube Dilma, nada acha contra ela, mas encontra centenas de coisas que atingem os próprios políticos aliados da Globo, anunciantes e até pessoas ligadas aos donos da emissora.

Na Lava Jato já foi abatido Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e vários outros queridinhos da mídia. Uma investigação sobre um imóvel no Guarujá, que não é de Lula, acertou em cheio no esquema Mossack Fonseca e uma mansão em Paraty (RJ) que a TV Globo prefere manter fora do noticiário, apesar do notório interesse público.

Nesta semana, o procurador-geral da República está em viagem à Suíça, tendo na pauta acordos de cooperação sobre o caso Fifa, que também é incômodo para a TV Globo. Ao investigarem o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró prenderam o senador Delcídio do Amaral, que acabou delatando Aécio pelo envolvimento em três fatos: propinas em Furnas, fraude na contabilidade do Banco Rural para ocultar o senador tucano do “mensalão” e uma conta clandestina no paraíso fiscal de Lichtenstein. Só a palavra de Delcídio é frágil e muita coisa que ele cita é repetição de conversas de bar sobre o que foi noticiado.

Ele falou muita coisa sobre tudo e todos que é reprodução de boatos que saíram na imprensa. Mas no caso de Aécio, o problema é que sobram documentos e testemunhas. O escândalo da Lista de Furnas já foi comprovado pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro para as pessoas sem mandato político.

O que falta é tirar da gaveta a investigação sobre quem tem foro privilegiado. A conta em Lichtenstein foi descoberta em 2007, há nove anos, na Operação Norbert, da Polícia Federal. Tem documentos apreendidos como prova. Também estava na gaveta do MPF. O jornalista Luís Nassif já havia publicado as informações em janeiro de 2015, mas não tinha os documentos.

Com a delação de Delcídio e após Aécio ter sido escorraçado da manifestação de domingo (13) pelo público que votou nele, a revista Época, do Grupo Globo, tirou os documentos da gaveta antes que os outros publicassem na frente.

Se o objetivo era derrubar Dilma, derrubou a oposição tucana. É verdade que não é mérito da Globo, pois quem não blindou Aécio até ontem foram as redes sociais e a imprensa alternativa. Mas a Globo, com seu peso e influência sobre um público conservador eleitor dos tucanos, joga a pá de cal sobre Aécio e enterra junto boa parte da oposição.

Já estava ruim ter Eduardo Cunha com contas na Suíça como líder do impeachment. Agora com Aécio no mesmo caldeirão, piorou muito. A oposição enfraqueceu. O governo Dilma aproveitou para se fortalecer colocando Lula no principal ministério. A oposição está sem líder para conduzir o 1% mais rico que foi às ruas. O governo está com o maior líder que ainda resiste na política brasileira para devolver um governo popular, nacional e próspero aos 99% anônimos que ficaram em silêncio no domingo. A correlação de forças políticas mudou em Brasília e nas próprias ruas.

Os mais velhos devem conhecer a expressão “golpe dentro do golpe” de 1964. Foi assim: o golpe original teve apoio dos políticos conservadores que estavam na oposição udenista. Eles queriam derrubar o presidente João Goulart e pegar o poder para si. A moda no mundo da época eram golpes militares e não judiciais como é hoje.

Articularam com militares golpistas para dar o golpe e depois devolver o poder aos políticos conservadores. Golpe dado, um grupo civil-militar, incluindo Roberto Marinho, dono da TV Globo, articulou de continuarem no poder na forma de ditadura, eliminando eleições diretas para presidente, governadores e prefeitos das capitais, e cassando todas as lideranças que incomodaram este projeto ditatorial, mesmo as que apoiaram o golpe, como ocorreu com Carlos Lacerda, Ademar de Barros e outros. Coisa semelhante acontece com as manifestações anti-petistas.

O PSDB incentivou a demonização da política, achando que atingiria só o PT, através do controle do noticiário. Incentivou os protestos dos anti-petistas, turbas fascistas, analfabetos políticos, e o ódio. Esse grupo de poucas idéias, muito preconceito e movidos mais por interesses pessoais individualistas ou ódio de classe, voltou-se contra todos os políticos, ou quase todos, inclusive os tucanos, escorraçados na última manifestação.

Os tucanos, sem se dar conta, sofreram o golpe dentro do golpe das hordas anti-políticas que criaram. Agora nem a Globo os tucanos representam mais, principalmente os incompetentes e “inúteis” de Brasília, sem caneta para liberar verbas.

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