Callejero

Nas ruas de São Paulo, um futebol diferente

Terceiro Mundial de Futebol de Rua reúne 25 equipes formadas por 300 jovens – meninos e meninas de 20 países – em partidas sem juiz e com objetivos que vão além de marcar gols

Danilo Ramos

Esporte como ferramenta para formação de jovens lideranças comunitárias: esse é o fútbol callejero

Que a seleção brasileira joga nesta terça-feira (8) contra a Alemanha todo mundo sabe. Mas o que você talvez não saiba é que um dia antes o Brasil já enfrentou Bolívia, Serra Leoa e Guatemala em São Paulo. Foi o primeiro dia do Mundial de Futebol de Rua, que acontece até o dia 12 na capital paulista.

O campeonato reúne 24 times de 20 países, entre eles Brasil e Argentina (representados por três equipes cada um) e Alemanha, três dos semifinalistas da Copa do Mundo. Mas se no evento da Fifa jogam atletas milionários, aqui as equipes são formadas por 300 jovens assistidos por projetos sociais nas comunidades onde vivem. Além disso, os times são sempre mistos, com meninos e meninas jogando juntos, incentivando a integração entre os gêneros.

Estas não são as únicas diferenças. Cada partida é dividida em três tempos: no primeiro, os dois times entram em acordo a respeito das regras básicas junto com o Mediador Social, substituto do árbitro; no segundo, acontece o jogo propriamente dito; e no terceiro, já um espaço de reflexão para contabilizar os pontos de cada time, incluindo valores além do mérito esportivo.

Mais que uma modalidade esportiva, o Futebol de Rua defendido pelo Movimiento de Fútbol Callejero (rede latino-americana que envolve 12 países e mais de 200 organizações) é uma prática sociopedagógica que entende o esporte como uma estratégia de transformação nas comunidades e desenvolvimento de lideranças entre os jovens.

“É um processo que pensa o futebol como uma ferramenta para formar líderes comunitários, jovens e crianças líderes comunitários, nos seus espaços de atuação, que são comunidades de periferia. E que isso gere uma rede desses jovens, por meio das organizações e encontros, e que isso se transforme numa política pública”, afirma neste vídeo Rodrigo Medeiros, um dos organizadores do torneio.

Esta é a terceira vez que o Mundial de Futebol de Rua está sendo realizado. A primeira foi em 2006, na Alemanha; e a segunda, em 2010, na África do Sul. Promovido pelo Movimiento de Fútbol Callejero, o projeto é realizado no Brasil pela ONG Ação Educativa e pela instituição argentina Fundação Futebol e Desenvolvimento (FuDe).

A primeira fase do Mundial vai até o dia 11 e todas as partidas dessa fase serão disputadas no Largo da Batata, em duas quadras, a partir das 10 horas. Também haverá apresentações culturais e espaços para debates. A semifinal e final serão disputadas nos dias 11 e 12 de julho, em um arena montada na Avenida Ipiranga.

Mais informações, no site: www.mundialfutebolderua.org

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