Antes da Copa e mesmo durante a primeira fase, muitos jornalistas esportivos brasileiros falavam que o veterano atacante alemão Miroslav Klose, de 36 anos, estava no Brasil apenas por uma questão de “homenagem”, para entrar em jogos fáceis e tentar superar a marca do brasileiro Ronaldo como maior artilheiro em Copas.

Nada mais errado.

Quem conhece a condução pragmática que caracteriza o futebol alemão, aliado a um cenário de incômodo jejum de 24 anos sem vencer mundiais, sabe que o atacante germânico está no elenco porque o técnico Joachim Löw enxerga nele uma arma importante para utilizar em determinados contextos. Foi assim que o atacante da Lazio atuou como titular contra a França, nas quartas de final, e salvou a equipe de uma derrota, no empate com Gana, igualando o recorde de 15 gols do Fenômeno.

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O atleta atuou em três partidas neste Mundial, totalizando 134 minutos em campo. Fez um gol. Único centroavante de ofício do plantel, sua entrada altera o esquema de Löw de um 4-3-3 para um 4-2-3-1, semelhante ao esquema quase fixo de Felipão, embora executado de forma bastante distinta. Tendo quatro mundiais na bagagem, Klose é aquele jogador que certamente não vai tremer ou hesitar em uma finalização decisiva.

Já tendo feito história no Brasil ao se tornar o maior artilheiro em Copas, também tornou-se o único jogador a estar presente em quatro semifinais da competição. No confronto contra o Brasil, pode ter uma múltipla vingança. Como único jogador remanescente da seleção que perdeu a final de 2002 para a equipe de Felipão, além do possível triunfo, Klose pode deixar Ronaldo, algoz daquela peleja, para trás. Superação de recordes.

Além disso, em caso de vitória, o germânico igualar-se-á ao lateral brasileiro Cafu como o jogador com maior número de vitórias em Copas. Se entrar em campo, iguala Paolo Maldini como o segundo futebolista que mais disputou partidas no torneio, 23, ficando atrás apenas do seu compatriota Lottar Matthäus, com 25 jogos.

Klose, atleta exemplar

Para chegar aos 36 em boa forma, Klose diz que nunca fumou, bebe só uma taça de vinho ou cerveja de vez em quando, e, pelos filhos terem que acordar às 6h para ir à escola, vão dormir às 20h, horário ao qual já se acostumou a se deitar também.

Por pouco, o atacante não defendeu outra seleção. Nascido na Polônia e com ascendência germânica, o artilheiro tem dupla cidadania e, no final de 2000, foi procurado por cartolas poloneses que queriam convocá-lo para as eliminatórias da Copa de 2002. Paciente, preferiu esperar pela chance de jogar pela Alemanha, o que ocorreu três meses depois, quando enfrentou a Albânia pelas eliminatórias e marcou um tento.

Na semifinal contra o Brasil, não se sabe se Klose será titular nem mesmo se vai entrar em campo. Mas ele já é, sem dúvida, um dos personagens da Copa 2014, no Brasil. E da história do futebol.