Rumo ao mata-mata

Grupo B: Holanda garante a primeira colocação com vitória sobre o também classificado Chile

Na despedida dos desclassificados Espanha e Austrália, atuais campeões conquistam vitória de consolação

© DIEGO AZUBEL/EPA/EFE

Arjen Robben liderou a Holanda na vitória cirúrgica contra o Chile, no Itaquerão, em São Paulo

O grupo B era o único que já conhecia, antes da bola rolar, seus dois classificados. No jogo entre os dois já garantidos nas oitavas, a Holanda venceu o Chile por 2 a 0 e levou o primeiro lugar que, em tese, evita um confronto com o Brasil nas oitavas. A Holanda ditou o ritmo de jogo e venceu do jeito que quis, primeiro fechadinha atrás, depois pressionando e fazendo o primeiro gol, e finalmente com um contra-ataque mortal liderado pelo capitão Robben. 2 a 0, justo e bem medido.

Já Espanha e Austrália fizeram o único jogo da Copa que não valeu nada. Apesar da boa vitória por 3 a 0, foi uma despedida melancólica para os atuais campeões europeus e mundiais. Uma renovação de elenco é esperada e alguns craques dessa geração não devem ir à Rússia em 2018.

Holanda 2 x 0 Chile

Em Itaquera, Chile jogou em casa. E a Holanda parecia visitante mesmo, porque, sem um de seus principais homens de ataque, Van Persie, armou uma baita retranca no primeiro tempo.  que acarretou uma posse de bola de 68% para a equipe sul-americana. Os chilenos não conseguiram romper o muro laranja, e as principais jogadas de gol acabam surgindo em contra-ataques dos holandeses.

Aos 34 minutos, Robben bateu falta para um perigoso cabeceio de De Vrij. Minutos depois, o mesmo Robben escapou de antes do meio campo, atravessou o campo inteiro, cortou pra esquerda, finalizou pra fora, na jogada mais bonita até aí. Aos 43, a principal chance chilena: cruzamento de Díaz, Gutierrez passa a linha da defesa e, totalmente sozinho, só que de costas, e toca de cabeça, para fora.

A Holanda tinha guardado o jogo pro segundo tempo. Colocou seus atacantes para cercar a saída de bola e dar os botes. Pouco a pouco, quase imperceptivelmente, foi crescendo sua intensidade de jogo, criando muitas chances, ganhando escanteios e faltas. E foi numa falta pelo setor esquerdo que Robben colocou a bola com açúcar para Leroy Fer (que entrou no lugar de Sneijder) cabecear sem chance para o goleiro Claudio Bravo. Já estávamos a 33 minutos.

Mesmo com a entrada do ídolo Valdivia, a pedido da torcida, o Chile não conseguiu acertar a criação no meio campo para ameaçar o gol holandês. A opção dos atacantes chilenos, em particular Alexis Sánchez, parecia ser mesmo cavar o pênalti a tentar transpor a zaga.

Aí o jogo ficou do jeito que a Holanda gosta. No finalzinho, bola esticada para a corrida de Robben, ele mais uma vez atravessou o campo inteiro até a linha de fundo e cruzou para a finalização de Depay. Definido o placar final.

Austrália 0 x 3 Espanha

A vitória da Espanha sobre a Austrália teve um ar de tristeza, especialmente para a Roja, que terminou muito antes do previsto sua passagem pelo Brasil. Os 3 a 0 não serviram de consolo para os cabisbaixos espanhóis. A partida nem foi tão ruim quanto a situação anunciava. A Espanha fez um esforço para recuperar seu orgulho, enquanto a Austrália, que não chegou na Copa com grandes esperanças de avançar para a segunda fase, entrou buscando provar que também tinha condições de bater os atuais campeões.

Os Socceroos jogaram firme e impediram ataques espanhóis, além de ameaçar a meta de Casillas nas bolas aéreas. A Espanha tampouco aliviou nas divididas, mas só conseguiu se impor em campo a partir dos 20 minutos de jogo. Quando isso aconteceu, a Austrália passou a apostar nos contra-ataques.

As melhores chances do primeiro tempo foram da Espanha. Aos 22 minutos, Alba chutou dentro da grande área para defesa de Ryan e aos 33, em erro de passe australiano, Iniesta arrancou com a bola e cruzou na área. Torres e Keko não alcançaram. Logo em seguida, David Villa abriu o placar ao bater de letra para o gol, depois de cruzamento de Juanfran.

A fragilidade do selecionado australiano ficava patente conforme o tempo passava. As alas eram avenidas para serem exploradas pelos espanhóis. A Roja teve ainda mais duas chances perigosas antes do fim do primeiro tempo.

A segunda etapa começou com domínio da Espanha, que pressionava a saída de bola australiana. Mesmo assim, a primeira chance aguda foi da Austrália, aos 14. O chute de McKay passou por cima do travessão. Depois disso, foi a vez da Espanha atacar, agora com sucesso. Fernando Torres recebeu de Iniesta e apenas tocou para as redes. Foi o golpe final nos australianos, que pouco ameaçaram a meta de Casillas dali em diante.

A Espanha ainda teve forças para ampliar com Mata, aos 36 minutos. O atacante recebeu livre pela direita e tocou por baixo das pernas de Ryan. Aos 44, o mesmo Mata quase decretou uma goleada, mas parou na defesa do goleiro australiano.

A cena mais marcante do jogo aconteceu fora do campo. Aos 11 do segundo tempo, David Villa, autor do primeiro gol, foi substituído. Sentou-se no banco, segurou as mãos na cabeça, escondeu o rosto e pareceu dar-se conta, em prantos, de que a Copa havia chegado ao final para ele e sua equipe. É provável que essa tenha sido a última partida do atacante pelo time nacional.