Farsa ou tragédia?

Copa 1950 x Copa 2014: Inglaterra, Espanha e outras três semelhanças

Comparação entre os dois mundiais realizados no Brasil mostra semelhanças que podem atiçar as almas menos céticas

Reprodução

Jornal esportivo espanhol Marca destacou o final lamentável de uma era. Há 64 anos, marchinha de carnaval celebrou um outro papelão da Fúria

O vexame espanhol e a virtual eliminação inglesa são situações que guardam paralelos com a primeira Copa do Mundo sediada no Brasil, há 64 anos. Mas as semelhanças não param aí.

Como ensina o pensador, a história se repete como farsa (no máximo como tragédia, segundo outro). Mas é um roteiro assaz divertido, que precisa de palcos para ser exposto. Ninguém aqui acredita que tudo será igual. E menos ainda é hora de falar em novo Maracanazo (até porque, o Brasil, precisa jogar muito mais bola para almejar uma final).

Duas derrotas da Inglaterra

A Inglaterra perdeu, em São Paulo, para o Uruguai. Foi a segunda derrota em dois jogos. A Costa Rica venceu suas duas, inclusive contra a Itália. Com isso, o English Team fica fora do restante da Copa 2014, confirmando uma coincidência com o Mundial de 1950. Naquela edição, os britânicos, então estreantes na competição internacional da Fifa, foram desclassificados na primeira fase.

A diferença é que, naquela feita, os ingleses chegaram com empáfia de criadores do ludopédio. Que só aceitaram participar da disputa naquela feita, porque antes se achavam acima dos mortais. E foram surpreendidos pelos estadunidenses numa das maiores zebras da história das copas. Em 2014, Rooney e cia jogaram na bola. Atuaram bem tanto contra a Itália quanto diante do Uruguai. Se ficarem de fora é meramente por terem caído no grupo da morte. No zebras.

Papelão espanhol

A desclassificação da Espanha, já na segunda rodada, é fato conhecido por todos. Os campeões do mundo fizeram um papelão de poucos paralelos na história das copas. Antes deles, a França em 2002 e a Itália em 2010 chegaram donos da taça e caíram ainda na fase de grupos — mas só na terceira rodada.

Mas em 1950, a Fúria passou um apuro e tanto, uma goleada de 6 a 1 diante do Brasil, no quadrangular final. Ao término da partida, conta-se que as arquibancadas do Maracanã cantavam a marchinha de carnaval “Touradas de Madri”, de João de Barro, o Braguinha, e Alberto Ribeiro.

Eis aí outra diferença: o repertório da torcida. Hoje, canta-se apenas uma estrofe do “Grito de guerra” de Nelson Biasoli (o “sou brasileiro com muito orgulho”) e olhe lá.

Teve Brasil x México

Esta é manjada e apareceu no radar desde o sorteio das chaves. Tanto na primeira copa no Brasil quanto nesta teve jogo entre Brasil e México na primeira fase.

As diferenças? Naquela, o escrete nacional (que ainda não era canarinho, mas vestia branco) venceu por 2 a 0. Nesta, bem, você sabe… Um empate preocupante.

Teve empate do Brasil

Na fase de grupos, ao enfrentar a Suíça, o time brasileiro empatou em 2 a 2. Uma igualdade na primeira fase também já se viu neste ano. A diferença foi o adversário de 2014, o citado México.

Também é verdade que, nas copas em que o Brasil foi campeão do mundo, venceu todos os jogos que disputou, exceto em 1994 (quando houve empate com a Suécia, na terceira rodada da fase de grupos).

Repeteco de Maracanã. E só

Correios do Brasil/Domínio Público
Selo homenageia o estádio da partida decisiva, palco de tristes lembranças para os brasileiros; Maracanã é única sede repetida.

A última partida da Copa de 1950, de triste memória, foi disputada no Maracanã. A derradeira decisão da de 2014 está prevista para o mesmo palco. Mudam todas as outras sedes. A começar pela quantidade. Há 64 anos, foram seis (Independência, em Belo Horizonte-MG; Vila Capanema, em Curitiba; Estádio dos Eucaliptos, Porto Alegre; Ilha do Retiro, Recife; Pacaembu, São Paulo), agora são 12. Um detalhe curioso é que a Fonte Nova, atual palco de duas partidas históricas desta edição (Espanha e Portugal que o digam), não recebeu partidas em 1950 por só ter ficado pronta no ano seguinte.

Será que virão outras semelhanças?

Diferenças têm de sobra. De algumas das regras (como a da substituição, os cartões amarelo e vermelho, a do impedimento e de bolas recuadas, por exemplo) a algumas tecnologias (como o spray da barreira, o aviso sonoro ao árbitro e a câmera da linha do gol). Mudou também a vontade de participar: em 1950, Índia, Turquia e Escócia desistiram de vir; em 2014 só não veio quem não conseguiu se classificar. A Iugoslávia era um país só e agora trouxe duas representações diferentes. O Uruguai só jogou uma vez na primeira fase em 1950, por causa das desistências, e não sofreu gols , agora até já perdeu um jogo por 3 a 1. E por aí vai.

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