Vitória magra

Brasil vence Sérvia em último teste antes da Copa

Seleção não joga bem, torcida chia no Morumbi, mas oportunismo de Fred salva o fim da tarde paulistana

SEBASTIÃO MOREIRA/EFE

Fred faz gesto para a torcida, que pedia “Luís Fabiano” no Morumbi

A última partida da seleção brasileira antes da estreia na Copa, no dia 12, contra a Croácia na Arena Corinthians, não foi um jogo brilhante. O 1 a 0, com gol de Fred, não deixou satisfeitos os torcedores presentes no Morumbi, mas é de se imaginar que o contexto de cortes em diversas equipes que vêm ao Brasil tenha tido impacto no comportamento dos jogadores. E o adversário não era dos mais fracos.

Se as 32 seleções do Mundial fossem classificadas de acordo com sua posição no ranking da entidade, a Sérvia passaria raspando, mas viria ao Brasil, já que é a 30ª colocada. Seu grupo nas eliminatórias da Europa era o mesmo da forte Bélgica e da vizinha Croácia, e a ex-república iugoslava perdeu a vaga para a disputa da repescagem por meros três pontos.

Na peleja, quem assustou primeiro foi a Sérvia, aos 8 minutos. Kolarov foi lançado pela ponta esquerda e passou por Daniel Alves com facilidade, finalizando de pé direito da entrada da área e acertando a rede pelo lado de fora. A equipe europeia se postou com as famosas duas linhas de quatro atrás, com pelo menos um homem na sobra da defesa quando ia para o ataque. O resultado foi um jogo muito truncado, com a seleção verde-amarela se movimentando ofensivamente para sair da marcação sérvia, mas sem sucesso.

Aos 27 minutos, o Brasil tinha 70% de posse de bola, mas não havia chegado com perigo real ao gol do adversário em nenhuma oportunidade. Foi a Sérvia quem chegou novamente com muito perigo aos 30, em falha de Daniel Alves, que perdeu uma bola no ataque para Markovic. Ele passou para Kolarov, que avançou pela esquerda e chutou rasteiro para defesa parcial de Júlio César, com David Luiz mandando para fora o rebote. Dois minutos mais tarde, Mitrovic cabeceou sozinho à direita do gol Júlio César, após receber cruzamento da direita.

Sem nenhuma finalização certa ao gol, a seleção saiu vaiada para o intervalo da partida. Felipão, obviamente, também não gostou do desempenho brasileiro, e na volta do intervalo Willian entrou no lugar de Oscar.

No início da segunda etapa, a mudança do treinador não havia surtido efeito e a torcida da casa – parte do São Paulo – começou a gritar “Luis Fabiano”, vaiando a equipe. Foi quando Thiago Silva aproveitou o espaço no meio de campo sérvio e fez um lançamento perfeito para Fred dentro da área. O atacante dominou no peito e, mesmo caído, conseguiu concluir a gol, fora do alcance do arqueiro Stojkovic.

Aos 19, Paulinho deu lugar a Fernandinho, mas o lado direito da defesa continuou como o setor preferencial da Sérvia para atacar. Aos 26, depois de boa troca de passes, Kolarov cruzou e Jojic acertou a trave esquerda de Júlio César, que fez golpe de vista e ficou parado na jogada. Markovic, no minuto seguinte, conduziu a bola na intermediária e chegou até a área para finalizar, quase sem ser incomodado pela marcação brasileira. O chute não saiu tão forte e o goleiro do Toronto fez defesa tranquila.

Aos 29, Maxwel entrou no lugar de Marcelo e, na sequência, Fred foi substituído por Jô. Neymar, aos 36, também saiu de campo para a entrada de Bernard, em meio a vaias de parte do estádio. A seleção ainda chegou aos 46, num cruzamento de Maicon pela direita que achou Jô. Lukac, que entrou no lugar de Stojkovic no segundo tempo, fez grande defesa.

Ao final, uma vitória magra, que deixou o torcedor paulistano entre a indiferença e a insatisfação.

E a torcida?

Em 7 setembro de 2012 , Neymar, aos 44 minutos do segundo tempo, foi sacado do amistoso contra a África do Sul pelo então técnico da seleção Mano Menezes. O palco era o mesmo Morumbi do amistoso de hoje, contra a Sérvia, e o garoto do Santos recebeu vaias do público, sendo chamado de “pipoqueiro” em função da má apresentação do Brasil, que venceu o jogo por apenas 1 a 0, gol de Hulk.

Aquele episódio, segundo depoimento do ex-presidente do Santos Luíz Álvaro de Oliveira Ribeiro ao jornal Lance!, foi determinante para a saída do atacante do Brasil. Tanto ele como o agente do jogador condenaram a atitude do hoje treinador do Corinthians, que o sacou de forma desnecessária, expondo o atleta aos xingamentos, muitos de torcedores que estavam mais movidos pela rivalidade clubística do que pela avaliação do seu desempenho.

Hoje, com a tarefa de ser o craque do time e atuando fora do país, a recepção não foi muito diferente. Neymar saiu aos 36 minutos, sem ter feito uma grande atuação, mas se deslocando muito em campo e não fugindo à responsabilidade. No entanto, o clubismo falou mais alto e um certo mau humor paulistano fizeram com que o atacante saísse com parte do estádio o vaiando.

Fica a dúvida sobre qual será o comportamento do torcedor na Arena Corinthians, na estreia da seleção na próxima quinta. Uma das grandes vantagens do Brasil na Copa das Confederações foi justamente o estádio empurrando a equipe, como é, aliás, um dos grandes trunfos de qualquer país-sede do Mundial. Será que as pessoas presentes na estreia contra a Croácia serão meras espectadoras/clientes ou vão querer fazer parte do jogo ao lado dos jogadores?

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