Embate de retrancas

Argentina 2 x 1 Bósnia – Em jogo fechado (demais), Messi faz a diferença

Sabella abandona esquema com três zagueiros no segundo tempo e Argentina cresce, com golaço de Messi. Bósnia marca primeiro gol numa Copa do Mundo

Abedin Taherkenareh/EFE

Lionel Messi correu bastante o jogo todo e foi destaque da Argentina com um golaço

A Argentina venceu a estreante Bósnia neste domingo (15), por 2 a 1, num jogo certamente mais complicado do que esperavam os milhares de argentinos que ajudaram a lotar o Maracanã. O destaque portenho, por outro lado, foi bastante esperado: Lionel Messi foi o melhor em campo, buscando muito o jogo e com direito a um golaço no segundo tempo.

A Argentina entrou com um esquema, no papel, bastante defensivo: um 5-3-2, como o caracterizou o técnico Alejandro Sabella. Ele defende a opção e refuta o rótulo de retranca, citando a Holanda, que usou a mesma distribuição no chocolate aplicado sobre a Espanha.

Na prática, o meio campo ficou meio inoperante: Di Maria e Maxi Rodriguez caiam mais para os lados, fazendo duplas com os laterais Rojo e Zabaleta. Com isso, a marcação da Bósnia abria e deixava espaço para o primeiro volante Mascherano avançar para distribuir o jogo. Mas Mascherano não é nenhum Pirlo, convenhamos, e a coisa travava por ali.

Com isso, Messi recuava o tempo todo para buscar o jogo, deixando Agüero presa fácil da barreira armada pelos bósnios. A opção ofensiva se configurava pela direita, com os avanços de Zabaleta, o que acabou deixando Di Maria longe das ações.

Nada disso importou muito, porque, com apenas três minutos, Agüero sofreu uma falta na esquerda do ataque. Messi bateu e o camisa 5 da Bósnia Kolasinac vê impotente a Brasuca bater em suas pernas e se dirigir ao fundo do gol. O rapaz não vai dormir bem esta noite.

A Bósnia, no entanto, não se abalou e tentou uma reação, apostando em lançamentos e cruzamentos para a área, estratégia razoável para um time com média de altura elevada e que tem como estrela Dzeko, um centroavante. Do lado argentino, o gol permitiu uma postura ainda mais conservadora, tocando a bola na intermediária defensiva.

O resultado foi um jogo chato, com algumas chances de gol para os europeus. Uma delas foi uma grande chance, em bola lançada que o goleiro Romero salvou corajosamente dos pés do camisa 20 Hajrovic. Aos 40, em cobrança de escanteio, Lulic obrigou Romero a mais uma grande defesa, numa cabeçada forte.

Segundo tempo, outra Argentina

A Argentina voltou modificada para o segundo tempo, com o centroavante Higuain no lugar de Maxi Rodriguez e o volante Gago na vaga do zagueiro Campagnaro. Com isso, resolveu vários problemas, todos melhorando a vida de Messi: povoou o meio-campo e deu liberdade e opções de passe ao camisa 10.

O time levou alguns minutos para se ajustar, mas, quando o fez, controlou o jogo. O ápice foi a arrancada de Messi, que tabelou com Higuain, tirou dois zagueiros e meteu um tiro seco, no canto direito de Begovic, indefensável. Foi o segundo gol do craque numa Copa do Mundo – e possivelmente a melhor jogada dele até aqui.

Outras chances foram criadas pelos portenhos nesse período do jogo. O problema da Argentina é que os outros integrantes do quarteto ofensivo estavam em noite pouco inspirada. Especialmente Di Maria, que cometeu erros técnicos que não foram a tônica na excelente temporada que fez no Real Madrid.

Junto com um certo desapego do técnico bósnio, que mandou o time buscar o ataque, levou os ex-iugoslavos a encontrar boas investidas ofensivas. Numa delas, aos 40 minutos, Ibisevic marcou o primeiro gol da Bósnia na história das Copas. Foi uma bola enfiada num ataque de quatro bósnios contra seis argentinos e que passou por entre as pernas de Romero. Alejandro Sabella, lá do banco, deve ter pensado: se eu tivesse um zagueiro na sobra, ele tinha cortado essa.

Ato contínuo, tirou Aguero e colocou Biglia, um volante de marcação. A modificação ajudou a segurar o ímpeto bósnio. Ainda deu tempo da Argentina criar mais algumas chances de gol, enroscadas em erros de Higuain e Di Maria.

E ficou por isso, um 2 a 1 de uma Argentina que não jogou bem, contra uma Bósnia que não jogou assim tão mal. No caso dos europeus, um bom sinal, que pode ser o bastante para o segundo lugar, num grupo que tem Nigéria e Irã.

No caso da Argentina, o problema para os secadores brasileiros é que o time dos hermanos ainda tem potencial para crescer, superando a pressão da estreia e conforme Kun Agüero e Higuain reencontrem a melhor forma. Sobre a opção de Sabella, mostrou-se, sem dúvida, uma retranca. Contra seleções mais poderosas, é bem capaz que volte.