Ou vice-versa

Album de figurinha é rede social

Tem aplicativo de celular sendo usado por marmanjo para controlar até as repetidas. Mas também tem criança se desconectando para jogar bafo

Cesar Cardoso/Flickr-CC-BY

Álbum move adultos e crianças; analógicos e digitais; fãs de futebol

No saguão do elevador de um prédio, em uma superquadra residencial de Brasília, está o singelo cartaz.

Temos troca de figurinha sábados e domingos, das 8h da manhã até 8h da noite, embaixo do prédio, apartamento nº tal. Contatos 8250-XXXX
Troca somente do álbum da Copa do Mundo

A tipologia do cartazete inequivocadamente remete à caligrafia de menino, que faria o professor De Franco se arrepiar.

A molecada já não fala de outra coisa. Donos de banca também. Uma, que tem um estabelecimento do tipo no bairro de Pinheiros, em São Paulo, celebrava o fato de vender 2 mil pacotinhos por dia. “Por mim, tinha Copa todo ano”. Ali, o #naovaitercopa passou longe.

 

Caligrafia de menino convida vizinhança para convívio. Só falta praticar bafo

 

Os que não querem sujar as mãos de cola, podem tentar a sorte com app

Mas… a criançada não estava muito presa aos consoles de videogames, nas múltiplas telas dos dispositivos móveis? Bem, há até aplicativo para gerenciar os cromos repetidos (para Android e iOS). Há também a versão digital do álbum, oficial da Fifa, para os que não querem sujar as mãos de cola.

Curioso também que, no início da febre das redes sociais na internet, havia muito detrator que reclamava, traçando cenários mais ou menos apocalípticos. Entre as críticas mais divertidas aplicadas à febre de então, o Orkut, está uma que vem a calhar. “É só um álbum de figurinhas, com gente que conheci um dia, mas que nunca mais vou encontrar de fato”.

Aqui entre nós, o nome da mídia social mais usada no Brasil e no mundo, o Facebook, remente a um termo usado coloquialmente para definir os anuários nas universidades estadunidenses, nos quais era incluída foto de cada estudante matriculado.

Sim, redes sociais na internet são álbum de figurinhas.

Só que, como denota o cartaz citado, álbum de figurinha também pode ser ponto de partida de uma rede social. Do bairro, da rua. Que faz piás, guris e marmanjos largarem o celular, o tablet e o computador para interagirem com vizinhos que mal conheciam.

Contanto que se ressuscite também o bafo…

(Foto: Cesar Cardoso/Flickr-CC-By)