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100ª virada em copas será no Brasil. Relembre as 12 melhores

Até 2010, 97 dos jogos da Copa tiveram viradas. Seis deles em finais.

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Uruguai vira o placar da final contra o Brasil, em 1950. Inesquecível

Dos 772 jogos realizados nas 19 copas do mundo de futebol, 97 foram viradas. Um time fica em vantagem no marcador, cede o empate e ainda perde o jogo em 12,6% do total de partidas. Mantida a média, seis ou sete jogos da Copa no Brasil terminarão com reviravoltas no marcador, e ter-se-á ultrapassado a marca de 100 viradas em mundiais.

Divertido.

O mundial mais virado da história foi o de 2002, na Coreia do Sul e Japão. É verdade que os torcedores brasileiros que quiseram acompanhar os jogos tiveram de varar a madrugada para assistir a muitas das partidas. Mas o sentido aqui é de virada no placar: 9 das 64 partidas tiveram essa sorte.

De 1950 a 1966, nas partidas decisivas, a seleção que abriu o marcador terminou derrotada. Em 1970, o Brasil x Itália quebrou a escrita, que voltaria a ser repetida em 1974.

A mais recente partida do Brasil em copas, nas quartas de final contra a Holanda, a seleção canarinho tomou uma invertida de 2 a 1 e foi eliminada.

A triste memória não muda o bordão cheio de malícia das peladas pelo país, de que “de virada é mais gostoso”. Então, o Futepoca oferece uma lista de 12 partidas inesquecíveis do gênero que precisam constar nos anais da história.

Confira a lista:

Brasil 1 x 2 Uruguai – final da Copa do Mundo de 1950

O Maracanazzo dispensa detalhamentos extensos. Parte do drama do episódio decorre justamente de o Brasil ter saído na frente, em um contexto no qual poderia empatar para ficar com a taça (era um quadrangular final). Diante de 174 mil pessoas, a equipe de melhor campanha marcou com Friaça, aos 2 do segundo tempo. Cedeu o empate aos 21, com Schiaffino, e levou o segundo com Ghiggia, o carrasco da vez, aos 34. A mácula foi profunda. Mesmo o algoz deu repetidas declarações solidarizando-se com o choro dos derrotados. Levaram o caneco.

Áustria 7 x 5 Suíça, quartas de final da Copa de 1954

Quatro anos depois, a Copa da Suíça teve duas viradas dignas de constar nos autos. A primeira envolveu uma derrota dos anfitriões contra os austríacos, nas quartas. Depois de abrir 3 a 0 no primeiro tempo, antes dos 20, tomou 5 em um intervalo de 10 minutos. Oito gols em 34 minutos. A partida viraria para o segundo tempo em 5 x 4, e terminaria em 7 a 5, na partida com mais gols da história.

Alemanha 3 x 2 Hungria – final da Copa do Mundo de 1954

O Milagre de Berna é tão dramático quanto o jogo decisivo da copa anterior. A sensação do mundial suíço era a Hungria, que tinha o melhor futebol da competição e veio favorita, contra os azarões da Alemanha Ocidental. Na primeira fase, um confronto entre as equipes havia terminado em 8 a 3 para a representação de Budapeste, que aterrissou na final invicta havia 32 partidas. Os húgaros fizeram 2 a 0 no primeiro tempo, mas cederam o empate e depois a virada. O episódio virou livro, filme e foi marcante para a história futebolística da Alemanha, à época em plena reconstrução após a Segunda Guerra Mundial.

Brasil 5 x 2 Suécia – final da Copa de 1958

De novo, na partida final, reviravolta. Na partida em que o Brasil largou seu complexo de vira-latas no futebol, foi a Suécia quem saiu na frente. Naquele 29 de junho de 1958, Vavá, Zagallo e Pelé fariam da taça do mundo nossa. A cena mais impressionante da partida é a do meia Didi, o craque da folha seca, indo até a meta defendida por Gilmar, recolhendo a bola e voltando calmamente ao centro do campo. Como dono do time, fez o que alguém precisaria ter feito. Mas, de azul, tinha uma calma que parecia avisar que tudo iria dar certo. E deu. (a íntegra, graças ao YouTube)

Brasil 3 x 1 Tchecoslováquia – final da Copa de 1962

E em uma quarta decisão consecutiva, virada. Os tchecoslocavos saíram na frente, com gol do meia Masopust, aos 15 do primeiro tempo. Antes que pudessem terminar de comemorar, aos 17, Amarildo, o possesso substituto de Pelé, empatou. Na etapa final, Zito e Vavá completaram a festa do bicampeonato.

Coréia do Norte 3 x 5 Portugal – quartas de final da Copa do Mundo de 1966

Os norte-coreanos eram os azarões da Copa da Inglaterra. Só o fato de terem alcançado as quartas de final já parecia inacreditável. Os portugueses traziam a vitória sobre o então bicampeão do mundo, o Brasil, que sequer passou da primeira fase. Mas até os crédulos no impossível se surpreenderam com os 3 a 0 abertos no placar pelos orientais antes dos 25 do primeiro tempo. A recuperação envolveu uma das maiores exibições de um atleta na história das Copas. O craque Eusébio, de origem angolana, fez quatro dos cinco tentos ibéricos, dois em cada etapa. Com o quinto, convertido pelo atacante Augusto, a representação lusitana foi à semi-final, contra os donos da casa. A seleção do país então governado por Kim Jong-un foi vítima de calúnia internacional, com o boato de que os jogadores haviam sido presos ao regressar. Um documentário “O jogo de suas vidas” de 50 anos depois, mostrou que foram recebidos como heróis. Aliás, quase o mesmo se viu em 2010.

Inglaterra 4 x 2 Alemanha – final da Copa do Mundo de 1966

Pela quinta copa seguida, em 1966, teve virada na final. A Alemanha Ocidental tinha melhor campanha e saiu na frente, com Haller, aos 12. Sofreu o empate seis minutos depois, com Hurst, e a virada aos 33 do segundo tempo. Weber empataria a 44 da etapa final. Na primeira prorrogação em finais, Hurst foi o autor dos outros dois. Mas a parte mais quente foi o terceiro tento, o primeiro durante a prorrogação. Em um chute do atacante inglês, a bola bateu no travessão e no gramado de Wembley, antes da linha da meta. O árbitro suíço Gottfried Vienst e o bandeirinha azerbaijano Tofiq Bahramov, porém, validaram o gol, em um dos erros mais famosos da história do futebol.

Alemanha Ocidental 3 X 2 Inglaterra – quartas de final da Copa de 1970

O troco alemão foi também um marco. E veio logo nas quartas da copa seguinte. A representação da terra da rainha parecia não tomar conhecimento do ressentimento germânico ao abrir vantagem de dois gols, com Mullery, aos 31 do primeiro tempo, e Peters aos cinco do segundo. Mas como a vingança é um prato que se come frio, foi preciso frieza dos bravos alemães, que não se renderam. O jovem Beckembauer, então com 20 anos, diminuiu aos 32 e Seeler empatou aos 31. Na prorrogação, Müller despacharia o English Team, na revanche.

Itália 4 x 3 Alemanha – semifinal da Copa do Mundo de 1970

Algozes nas quartas, os alemães foram as vítimas na semifinal da Copa de 1970. Mas com detalhes sórdidos. Logo a 8 minutos, a Itália saiu na frente, com Boninsegna. Sofreu o empate no último minuto de jogo, com Schnellinger, levando tudo para a prorrogação. Aos 4 do primeiro tempo extra, Müller virou. Os italianos iriam ainda buscar a revirada com o zagueiro Burgnich e com o meia Rivera, que havia entrado no lugar de Mazzola. Classificação inesquecível no estádio Azteca.

Alemanha 2 x 1 Holanda – Final Copa do Mundo de 1974

Em mais uma final de copa, a Holanda saiu na frente com um pênalti, aos 2 minutos. A exemplo de 1954, os alemães chegavam sem tanto brilho quanto os rivais. Apesar de sediar o evento, o Carrossel Holandês ou a Laranja Mecânica seduzia o mundo com jogo envolvente e inovador, taticamente, combinado ao talento de figuras como Cruyff. Após o gol, os anfitriões foram buscar a igualdade com Breitner, aos 25, e a virada aos 43 do primeiro tempo, com Müller. O bicampeonato germânico coroou o atacante, que sagrou-se então o maior artilheiro em copas – posto que perdeu para Ronaldo -, e Franz Beckenbauer, talentoso meia.

França 2 x 1 Croácia – Semifinal da Copa do Mundo de 1998

Depois de passar suando pelo Paraguai, nas oitavas, e pela Itália, nas quartas, os franceses fraquejaram quando sofreram gol de Suker, a um minuto da segunda etapa. O zagueiro Thuram fez a vez dos atacantes por duas vezes, aos 3 e aos 24 no Stade de France. Ao chegar a final, contra o Brasil, foi Zidane quem decidiu.

Brasil 2 x 1 Inglaterra – Oitavas da Copa do Mundo de 2002

Após uma primeira fase relativamente tranquila (com exceção da estreia), o Brasil encarou a Inglaterra de Beckham nas oitavas. Começou atrás, quando Owen marcou, aos 23 do primeiro tempo. Ainda na etapa inicial, Ronaldinho Gaúcho arrancou e achou Rivaldo livre para empatar. O mesmo Ronaldinho Gaúcho marcaria o segundo, virando o marcador logo aos 5 do tempo final, em uma cobrança de falta que enganou o goleiro Seaman — para muitos, foi um frango mesmo. A dose extra de emoção veio com a expulsão do herói brasileiro no jogo.

Três referências para ler mais sobre viradas: Esporte Fino , Torcida Pop e GloboEsporte.

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