transversais

Mobilização popular impõe controle social e amplia olhar sobre saúde

Comunidades criam rede social de desenvolvimento e instituem controle social para discutir problemas e propor soluções em saúde e melhoria da qualidade de vida

Ascom / Prefeitura de Jundiaí

Jundiaí (SP): em unidade de saúde do bairro, comunidade discute soluções a serem levadas à administração municipal

Brasília – Trabalhos comunitários apresentado na 4ª Mostra Nacional de Experiências em Atenção Básica e Saúde da Família, que acontece em Brasília até domingo (16), mostram como populações de bairros carentes de diversas regiões do país se unem para discutir de modo transversal problemas sociais e de infraestrutura urbana que afetam suas vidas.

Maria Aparecida Oliveira é agente de saúde em regiões carentes de Maceió (AL) e participa do coletivo Protagoniza. Ela explica que as demandas sociais das comunidades carentes não se restringem a saúde, por isso, para conseguir mobilizar grande número de pessoas os temas abordados precisam ir além da questão de médicos e remédios. “Nós temos que mostrar para as pessoas que o SUS não é um problema, mas sim a solução. Por isso, temos que trabalhar para fortalecê-lo. A doença vem da falta de saneamento, falta de educação, cultura, emprego de péssima qualidade ou moradia inadequada”, justifica Maria.

Em Jundiaí, cidade do interior de são Paulo, a população é de 374 mil pessoas e o programa saúde da família atinge apenas 8% dos moradores. Cansados de esperar pelo poder público, os moradores do bairro Vila Ana criaram, em 2009, a Rede Vila Ana, que usam a unidade básica de saúde do bairro para realizar reuniões mensais em que são discutidas soluções para os problemas enfrentados e, depois, encaminham para a administração municipal.

Déficit de vagas em creche, desemprego, falta de moradia e acesso a serviços e ações de saúde são alguns dos temas recorrentes nas discussões dos moradores. “Tivemos que vencer as mobilizações e trabalhos isolados para construir uma rede social de desenvolvimento local, que estimulou a participação política dos moradores que compreenderam que a unidade de saúde é um lugar adequado para discutir bem estar e não apenas para cuidar de doença”, conta Ana Claudia dos Santos, diretora da UBS da Vila Ana, que apresentou a experiência exitosa na 4º Mostra.

As primeiras reuniões se deram em torno da construção e distribuição de moradias para atender parte da população local. As reuniões cresceram à medida que outras demandas foram acrescentadas e apresentadas nas reuniões na UBS, que foi transformada em um amplo centro de debates e estimulou a participação política e reivindicação de cidadania pelos cidadãos.

Os moradores da Rede estabeleceram uma agenda propositiva, que recomenda até 2021, caminhos para a solução de diversos problemas que atingem o local. A mobilização levou a prefeitura e a secretaria de saúde a atentarem para a organização dos moradores e, em janeiro, uma reunião com o secretário de saúde e a administração municipal foi realizada.

A experiência de controle social sobre questões relevantes para a comunidade começou em 2004, quando foi criado o Conselho Gestor da unidade de saúde do bairro, que discutia apenas os problemas locais da área da saúde e que é isento do Conselho Municipal da Saúde de Jundiaí.

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