Análise

Mídia avalia PIB de 2013 pela ótica de sua própria crise

Avaliações de contexto limitado e crescimento de 5,3% no PIB da chamada economia do conhecimento e da alta tecnologia colocam em xeque críticas da oposição

arquivo RBA

Serviços ligados à tecnologia crescem no país, mas velha mídia não vê

Apesar de o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2,3% ter sido destaque diante do cenário internacional, afinal foram poucos os países das grandes economias que cresceram mais, não faltaram críticas – pouco fundamentadas – de colunistas e editorialistas de setores da imprensa identificada com a oposição. O problema destas críticas é que não resistem a uma análise aprofundada dos números, que revelam um cenário econômico bem melhor do que o desenhado e qualitativamente bastante promissor.

Só porque o PIB da agropecuária teve o maior destaque, com crescimento de 7% no ano, houve quem mencionasse “desindustrialização”, ecoando um discurso do pré-candidato tucano à presidência, Aécio Neves, desconectado da realidade. Ora, a indústria como um todo cresceu 1,3% em 2013. E quem puxou esse número para baixo foi justamente a indústria extrativa mineral, a que exporta commodities e caiu 2,9%, seja pela queda nos preços internacionais, seja pela queda mundial da demanda, seja pelo ano atípico em que houve uma redução na produção brasileira de petróleo, devido ao declínio de campos antigos, que serão substituídos pela entrada em produção de alguns novos campos do pré-sal só neste ano.

Não que seja desejável uma queda na indústria extrativa, mas esse número comprova que outros setores industriais de maior valor agregado apresentaram crescimento bastante satisfatório na conjuntura mundial. A indústria da transformação cresceu 1,9%. O mesmo índice avançou a construção civil. O setor de infraestrutura ligado a produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana cresceu 2,9%.

Outro olhar enviesado no noticiário se dá no setor de serviços, aquele que responde pela maior parcela do PIB. Além de crescer 2% como um todo, o que explica os baixos níveis de desemprego, o subsetor de serviços da informação cresceu nada menos do que 5,3% no ano, um número invejável.

E é justamente o setor da economia do conhecimento e da alta tecnologia. Engloba telecomunicações e serviços de informática, os principais puxadores do crescimento. Completam o subsetor os serviços cinematográficos, de vídeo, de rádio, televisão e agência de notícias.

Esse crescimento de 5,3% em setor tão estratégico desautoriza críticas simplistas contestando o desempenho e rumos promissores na economia nacional. Além de a conjuntura da demanda no mercado interno favorável explicar este desempenho, não se pode desconsiderar as políticas industriais de fomento promovidas pelo governo federal, como a desoneração e exigência de conteúdo nacional, tanto em software como em hardware, na construção de redes de telecomunicações, em equipamentos com componentes e processos produtivos nacionalizados, desde smartphones, tablets e microcomputadores até sofisticados gerenciadores de rede.

Algumas redações de jornais, revistas, rádios e TVs talvez estejam olhando o Brasil apenas sob a ótica da situação periclitante de algumas se suas próprias empresas jornalísticas, há alguns anos em crise com a queda ou estagnação na circulação de veículos impressos e perda de audiência televisiva para a internet, setor que cresce no Brasil em ritmo acelerado.

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