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Enchentes em São Paulo causam prejuízo anual de mais de R$ 200 milhões para o Brasil

Modelo econômico criado por pesquisadora da FEA-USP mensura danos provocados por alagamentos. Para autora do trabalho, dar dimensão financeira à questão ajuda a sensibilizar administradores públicos

CC / Nathalie Gutierrez / MJ

Enchente em rua dos Jardins, área nobre da capital paulista: frequente e recorrente

As enchentes recorrentes de São Paulo trazem prejuízos imensos para a cidade. Apesar disso, há pouco esforço para calcular qual é o impacto exato desses eventos para a cidade. Quando aparecem números, eles se referem a perdas materiais diretas, que são de cálculo relativamente fácil. Mas esse é apenas um aspecto da questão. A economista Elaine Teixeira dos Santos decidiu, em sua pesquisa de mestrado, calcular quais eram as perdas econômicas para as cadeias produtivas da cidade e do país, ampliando a concepção de prejuízo com as inundações.

Os números encontrados assustam. A análise dos dados de pontos de alagamentos em São Paulo entre os anos de 2008 e 2012 mostra que o prejuízo médio de produção na cidade é de R$ 107 milhões. No país todo, a perda chega a R$ 226 milhões por ano. Em cinco anos, quase um bilhão de reais foi desperdiçado nas enchentes apenas em perdas produtivas – essencialmente o pagamento de salários sem que haja de fato produção. Esses números não contabilizam as perdas materiais. “Para empresas, as perdas materiais são irrisórias em comparação com as de produção. Se há um prejuízo decorrente da inundação, a empresa toma precauções para que aquilo não ocorra novamente”, afirma.

Para chegar a esse número, Elaine criou um modelo econômico que usa os dados geográficos dos pontos de alagamento. Cruzando esses dados com entrevistas feitas com empresários, ela chegou a uma fórmula possível de ser usada em qualquer cidade que sofra com o mesmo problema. Sua intenção, aliás, era calcular os prejuízos em toda a Grande São Paulo. Entretanto, apenas a capital conta com dados de pontos de alagamentos, essenciais para o cálculo elaborado por ela. “Isso mostra a carência de dados a esse respeito. Nem as próprias prefeituras conhecem seus pontos de alagamento”, diz.

Moradora do Bairro do Limão, Eliane afirmou que sua motivação para estudar o assunto veio da experiência pessoal. “Quando chove, o Limão fica completamente ilhado, não é possível atravessar nenhuma ponte na Marginal Tietê”, afirma. A vontade de traduzir o prejuízo em números, por sua vez, veio da certeza de que administradores públicos lidam melhor com demandas que podem ser mensuradas economicamente. “Quando afeta a economia, o problema ganha mais atenção”, diz. De acordo com a economista, a prefeitura já usa informalmente alguns dados de seu trabalho no trabalho contra enchentes.

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