Saúde Padrão Brasil

RBA estreia blogue sobre o direito humano e social à saúde

Espaço de debates nasce sugerindo uma correção no conceito 'Padrão Fifa': a saúde que queremos deve atender a demandas e especificidades do povo brasileiro. Nada de modelos prontos, importados

Ministério da Saúde

O direito universal à saúde, formalmente garantido na Constituição de 1988, é uma das maiores conquistas dos cidadãos brasileiros. Ainda que haja muito por fazer para se consolidar o Sistema Único de Saúde (SUS) como um sistema integral, igualitário e, de fato, universal, não se pode aceitar que a imagem desse patrimônio nacional seja desconstruída por interesses políticos, ideológicos ou econômicos.

As principais manifestações ocorridas em 2013 tinham como uma das pautas melhor qualidade no serviço público – saúde e educação à frente. De modo que o tema foi exposto intensamente e recebeu ampla exposição nas mídias, reacendeu a mobilização de movimentos sociais e entidades ligadas à saúde e recolocou a saúde no centro da agenda política nacional.

O conceito “Saúde Padrão Fifa” surgiu forte em junho em alusão ao padrão de qualidade internacional de estádios e cidades imposto pela entidade máxima do futebol ao Brasil. Tudo como condição para a realização da Copa de 2014 no país. Esse blogue nasce sugerindo uma correção no conceito: a saúde que queremos deve atender a demandas e especificidades do povo brasileiro.

Nada de modelos prontos, importados, exitosos ou fracassados. É importante destacar que não é de qualquer saúde que se fala. O setor está está diretamente ligado à promoção de bem-estar. Não se trata, apenas, de questões médico-hospitalares, e muito menos de mera promoção de beleza e estética, como se insiste em promover.

Saúde não é mercadoria

Em nota recente, entidades ligadas ao movimento da reforma sanitária (Abrasco e Cebes) reafirmaram que saúde é um direito, e não uma mercadoria: “A política governamental deve ter como um de seus objetivos centrais eliminar as intoleráveis desigualdades e iniquidades em saúde, incompatíveis com o desenvolvimento do país. É imprescindível a retomada da saúde no contexto da Seguridade Social, como direito social articulado aos demais setores de bem-estar social. Saúde deve estar no centro do projeto de desenvolvimento econômico e social, não apenas por que é um importante setor da economia, mas por ser essencial para a qualidade de vida da população”.

Nesse espaço será promovido um amplo debate sobre questões centrais e contemporâneas ligadas à saúde. Financiamento, gestão, acesso a serviços, privatização, relação público-privado e desigualdades no atendimento serão alguns dos temas tratados no “Saúde Padrão Brasil”. Sempre com um olhar abrangente e integrado sobre saúde e as demais áreas que estão diretamente ligadas à questão do bem viver.

Saúde é mais que apenas a ausência de doenças. É essa discussão convergente com educação, moradia, saneamento, transporte, mobilidade, meio ambiente, cidadania e democracia que será apresentada por aqui. Sem esquecer das fundamentais reformas agrária, tributária, urbana e política que estão diretamente ligadas à defesa dos direitos e do amplo acesso à cidadania em nosso país.

Mais uma vez, saúde não deve ser entendida como o problema em si, mas sim deve ser vista como mais uma área que sofre com a inversão de prioridades impostas por mercados e governos. O problema não é o SUS, nem a escola, nem o metrô, mas o sistema político e econômico em que isso tudo está inserido.

Queremos promover um debate de alto nível que informe e conscientize sobre as relações entre saúde, cidadania, desenvolvimento e democraciade modo que os leitores da RBA sejam privilegiados com artigos, entrevistas e reportagens multimídia sobre a relevância dessas questões para a consolidação da democracia e da plena cidadania no Brasil.