Para criticar leilão de Libra, Eduardo Campos ‘esquece’ até de Pernambuco

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Indústria naval em Pernambuco: emprego e renda criados pela política industrial que agora Campos critica

Desde que bandeou-se para a oposição, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ficou ansioso para criticar toda e qualquer ação governamental, muitas vezes com pouca consistência, repetindo argumentos frágeis da oposição e da mídia tradicional.

No dia seguinte ao recente leilão do campo petrolífero de Libra, Campos disparou: “Acho que todos os brasileiros e brasileiras viram com muita decepção uma área gigante do pré-sal, o campo de Libra, ser leiloado pelo preço mínimo…”. Depois de se sentir rebatido por uma declaração do ex-presidente Lula defendendo o êxito do leilão, o governador tentou polemizar: “Eu lamento. Acho que todos deviam lamentar, que uma riqueza expressiva não tenha tido a disputa, um leilão efetivamente, porque leilão é quando você tem mais de um ofertando preços maiores e com condições melhores para o país”.

A visão de Campos mostra despreparo para lidar com o assunto. Mostra também a pouca amplitude de sua visão e, sobretudo, sua adesão ao neoliberalismo tucano, para tratar com as questões do pré-sal. Haver grande disputa de lances no leilão não quer dizer que seja bom para a nação. Pelo contrário, poderia significar que as exigências mínimas do edital para preservar os interesses do povo brasileiro teriam sido frouxas demais e excessivamente dóceis às petroleiras privadas, atraindo um grande número de interessados no ganho fácil e compromisso quase nenhum.

Se houve no final do processo apenas um consórcio composto por cinco empresas de quatro países diferentes é porque as exigências iniciais do edital já foram grandes, mas bem dimensionadas, tanto para preservar os interesses da nação, como para não inviabilizar a operação comercial.

Para ter a ilusão de uma disputa acirrada, bastaria reduzir os percentuais mínimos de partilha, diminuir as obrigações de investimentos e estender prazos, além de reduzir as exigências de encomendas de equipamentos de fabricação nacional. Ou seja, deixar na mão invisível do mercado definir quais seriam esses percentuais. Mas isso é o que prega o neoliberalismo, com o governo deixando para o deus-mercado “precificar” os termos do leilão, em vez do governo, legítimo representante do povo brasileiro, fazê-lo.

Para piorar, ao deixar para o mercado definir coisas como o percentual do conteúdo de equipamentos nacionais e prazos para investimento, Campos volta aos tempos bicudos da indústria naval brasileira, quando o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso insistia em deixar a Petrobras encomendar plataformas de petróleo e navios no exterior.

No caso de Eduardo Campos, esse argumento é ainda mais grave, pois Pernambuco foi um dos estados mais beneficiados com a exigência governamental de que os equipamentos para a exploração do petróleo sejam encomendados à indústria brasileira.

Foi por conta da certeza dessa política que o estaleiro Atlântico Sul foi instalado em terras pernambucanas. Com isso, mesmo não sendo um estado produtor de petróleo, participa desta riqueza fornecendo equipamentos.

Mas na hora de despejar sua metralhadora de críticas sem fundamentos, Eduardo Campos ‘esquece’ disso. Com seu discurso oposicionista, ele simplesmente coloca em risco o desenvolvimento da indústria naval e dos setores associados do próprio estado que ele governa.