Serra já inaugurou maquete de trenzinho da Alstom ao lado de Arruda

mais indícios

José Roberto Arruda e José Serra, em evento em que foram anunciadas melhorias do sistema ferroviário do DF

Em 2009, antes do mensalão do DEM, o então governador do Distrito Federal (DF), José Roberto Arruda, visitou a fábrica da Alstom em São Paulo para assinar contrato de financiamento do BNDES para 12 novos trens do metrô de Brasília. O contrato era entre Arruda e Alstom,  mas José Serra (PSDB-SP) compareceu como convidado da empresa na cerimônia para “inaugurar” a maquete do trenzinho, ao lado de Arruda (foto).

Talvez o motivo do convite especial para a inauguração do trenzinho tenha sido porque em 2008,  mesmo sob suspeita de prática de propina  no governo paulista do PSDB, a Alstom, fornecedora de equipamentos para o setor de energia e transporte, fechou  contratos com o então governador José Serra para modernizar o sistema das linhas do metrô paulistano, no valor de R$ 712 milhões.

Na  semana passada, o Ministério Público declarou em nota que no último dia 8 notificou os ex-governadores do DF Joaquim Roriz (PSC) e José Roberto Arruda (sem partido) sobre a abertura de investigação para apurar fraude na licitação e no contrato de manutenção do metrô. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)  também investiga o acordo fraudulento firmado entre a Siemens e a Alstom para manutenção de trens do metrô no DF.

As suspeitas do Cade e do Ministério Público local recaem sobre as concorrências realizadas em 2003 e 2005 e sobre a assinatura do contrato em 2007, período em que o Distrito Federal era comandado por Roriz (então no PMDB) e Arruda (então no DEM).   Em São Paulo, as denúncias giram em torno de propina de US$ 6,8 milhões, valores que teriam sido pagos pela Alstom para ganhar um contrato de US$ 45 milhões para a expansão do metrô.

CPI envagetada

Revelações em torno do caso Alstom divulgadas neste final de semana pela Revista  Istoé e antecipado neste post aqui do dia 8 exigem investigação rigorosa, que o PSDB bloqueia com arrogância.

Em 2008 um órgão de imprensa insuspeito de petismo, The Wall Street Journal, publicou a notícia de que a Alstom gastou US$ 6,8 milhões em propinas para ganhar licitação com o metrô de São Paulo. Cerca de R$ 13 milhões foram repassados pela Alstom, segundo dados do Ministério Público da Suíça (tampouco um órgão conhecido por ter petistas infiltrados em seus gabinetes), a empresas de fachada, para campanhas políticas do PSDB em São Paulo.

Uma das empresas, segundo as autoridades suíças, pertence a Robson Marinho, que foi coordenador da campanha eleitoral de Mário Covas e chefe da Casa Civil de 1995 a 1997, em seu primeiro mandato. Marinho é hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.

Marinho  admite ter tido suas despesas pagas pela Alstom quando viajou à França para assistir aos jogos da Copa do Mundo de 1998. Foi também, no âmbito do TCE, o único defensor da prorrogação, por dez anos, de um contrato do Metrô com a empresa, previsto para durar três anos apenas.

Eis alguns fatos suficientes para justificar a mais rigorosa investigação. O governador  Geraldo Alckmin declarou à imprensa que vai “mandar investigar”. Mas provavelmente deve ter esquecido de avisar seu líder na Assembleia Legislativa, o deputado Barros Munhoz. A sólida base tucana rejeita a criação de uma CPI para o caso. O deputado estadual declarou na semana passada: “Não há nenhuma fundamentação, é contra todas as regras regimentais, constitucionais. Não tem nenhum sentido”, sobre a tentativa da oposição de abrir uma comissão para investigar as denúncias.

Sem dúvida, é o PSDB que está operando com especial eficiência numa Assembleia Legislativa desfibrada por longos anos de governismo.

Leia também

Últimas notícias