Aécio e a reeleição: esquecimento ou ambição?

pela tangente

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Matéria publicada pela Folha em 1997 mostra denúncia de deputados que teriam recebido dinheiro para aprovar a reeleição

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) está sendo cobrado a se explicar por defender o fim da reeleição ao apresentar uma proposta do PSDB no Senado. O questionamento já aparece até mesmo na página “Conversa com Brasileiros”, criada na internet pelo próprio PSDB para promover a candidatura de Aécio.

No site, o leitor César Canhadas, pergunta a Aécio: ”Por que acabar com a reeleição? Não é um sinal de descompromisso com o passado do PSDB?”. O senador respondeu que o “PSDB não é um partido em que um líder incontestável impõe suas ideias e os outros acatam, de cima para baixo. Não temos um chefe, mas várias cabeças pensantes. Debatemos, discutimos, revemos posições, sempre democraticamente”.

Mas não foi isso que o leitor tucano perguntou. Pela resposta, podemos observar que Aécio saiu pela tangente. Após três disputas presidenciais em que o PSDB  perdeu para Lula e PT, o candidato à Presidência da República Aécio Neves titubeou na defesa da compra da reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Ou talvez tenha esquecido que em 1997, o então presidente FHC mobilizou o PSDB para aprovar a emenda da reeleição, que lhe garantiu mais um mandato. Na época, os tucanos, de forma quase consensual, se movimentaram para garantir sucesso na aprovação da proposta. Hoje, após 16 anos, a reeleição virou uma espécie de “patinho feio” do legado de FHC. Agora, o presidenciável é contra a reeleição.

No mesmo ano, a Folha de S. Paulo publicou matéria com transcrição da gravação de uma conversa na qual os deputados Ronivon Santiago e João Maia, do PFL (agora DEM) do Acre, confessavam ao repórter Fernando Rodrigues, terem recebido R$ 200 mil para votar a favor da emenda que instituía a reeleição para presidente da República, governadores e prefeitos. Naquele momento, a emenda já havia sido aprovada na Câmara dos Deputados e aguardava a votação no Senado.

FHC esqueceu o que escreveu. Aécio Neves esqueceu o que FHC fez. E o PSDB esqueceu do “povo”. Com essa conversa de fim de reeleição, parece que o senador quer mais é  fazer revezamento do poder entre aliados.

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