Brasil x Espanha

Vitória brasileira pode repetir euforia ilusória de 63 anos atrás

Ganhar o título da Copa das Confederações sobre a Espanha é o sonho de todo brasileiro, mas não significa que nossa seleção vai bem

Danilo Borges/Portal da Copa

Seleção comandada por Neymar pode até vencer a Espanha hoje, mas ainda não está pronta para a Copa 2014

Quase 63 anos depois, as seleções de Brasil e Espanha se reencontram no estádio do Maracanã. Naquele 13 de julho de 1950, a acachapante goleada por 6 a 1 deu a (falsa) impressão, para todos os brasileiros, de que o título da Copa do Mundo não iria nos escapar. A euforia e o “salto alto” cobraram seu preço na decisão, perdida em casa para o Uruguai.

Agora, sentimentos ambíguos movimentam os torcedores. Por um lado, todos querem uma vitória sobre a Espanha, atual campeã mundial e bicampeã européia e considerada, de fato e de direito, a melhor do mundo. Porém, o título da Copa dos Confederações pode dar uma ilusão muito perigosa sobre as reais possibilidades do Brasil na Copa que sediará em 2014.

Mal comparando (mas mal comparando mesmo!), lembremos do Palmeiras campeão da Copa do Brasil em 2012, e treinado pelo mesmo Felipão que aí está. No fim do ano, caiu para a série B do Campeonato Brasileiro. Muitos comentam que o título teria sido “prejudicial”, pois relaxou um elenco sofrível e um time fraco e desarrumado. Pois bem, não é o caso do Brasil de agora. A qualidade dos jogadores é obviamente melhor e Felipão conseguiu dar alguma cara de “time” a uma seleção que tinha perdido o rumo após a Copa da África do Sul. Alguns já parecem ter vaga garantida no mundial do ano que vem, a não ser por algum imprevisto muito sério: Neymar (óbvio), Thiago Silva, Daniel Alves, Fred, David Luiz. O esquema 4-2-3-1 também vai se consolidando.

Mas, como dizem lá onde nasci, “devagar com o andor, que o santo é de barro”. Sim, podemos ganhar hoje, e jogando bem, um título que deve ser muito comemorado e aplaudido. O preocupante é que o adversário é a forte Espanha e um triunfo sobre ela tem forte caráter simbólico. Corremos o risco de pensar: “Pronto! Todos os nossos problemas estão resolvidos. É correr para o abraço em 2014.” Longe disso, muito longe disso. O Brasil ainda é dependente de Neymar, que esteve presente em todos os jogos desde que Felipão substituiu Mano Menezes, e não sabemos como o time se porta sem ele. Os laterais não são essa maravilha que dizem e, para mim, tanto a zaga quanto o meio-campo não estão definidos. Ou seja, falta muita coisa.

Torço pelo Brasil hoje, claro. Mas sem a euforia de seis décadas atrás.

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