futebol

Quem é quem na Copa das Confederações

Torneio começa com os favoritos Brasil e Espanha em campo. Confira uma avaliação das oito seleções participantes

Robert Ghemen/EFE

Felipão tem o desafio de fazer o Brasil ganhar a Copa das Confederações em casa

A Copa das Confederações começa hoje (15) com duas seleções tidas como favoritas ao título. A atual campeã mundial e bicampeã europeia, Espanha, e o Brasil, que, mesmo sem ter um time que inspire confiança, joga em casa e deve contar com o apoio da torcida, ainda que tal apoio tenha faltado em algumas ocasiões.

Mas, caso as duas seleções cheguem até a final no Maracanã, dia 30 de junho, ocorrerá um fato raro. Desde que a Copa das Confederações começou a ser disputada, em 1992 (incluindo-se duas edições da Copa Rei Fahd, 1992 e 1995), apenas uma vez Europa e América do Sul decidiram um título, em 1995, quando houve a final entre Argentina e Dinamarca. Em seu formato atual, com oito seleções participantes, uma decisão dessas jamais aconteceu.

O Brasil também possui uma vantagem histórica: é a seleção que mais participou de edições da Copa, sendo também o maior vencedor, com três títulos. A França foi campeã duas vezes e o México venceu a edição de 1999. Argentina e Dinamarca possuem um título cada. Para os supersticiosos, porém, o título pode ser sinal de mau agouro. Nenhuma seleção vencedora da Copa das Confederações ganhou a edição seguinte da Copa do Mundo.

Abaixo, saiba o que cada equipe pode fazer no torneio de 2013:

Grupo A

Brasil – a seleção ainda não joga o futebol dos sonhos dos brasileiros, mas a apresentação no primeiro tempo contra a Inglaterra e no segundo contra a França animou os mais otimistas. Com um período maior de treinos antes do torneio, o técnico Luiz Felipe Scolari pode testar algumas variações no estilo de jogo do Brasil, com David Luiz jogando como volante/terceiro zagueiro, promovendo a entrada de Hernanes e/ou Lucas, e fazendo os laterais jogarem mais como alas. Tudo isso já foi testado em Goiânia, mas é a sequência na Copa das Confederações que deve definir com qual time Felipão vai para a Copa de 2014.

Claro que, jogando em casa, não serão só os testes que vão valer, e sim os resultados. O Brasil sofre pressão não apenas para fazer boas apresentações, como também para, ao menos, chegar à final. Dentro de um grupo teoricamente mais forte que o B, os brasileiros provavelmente não terão vida fácil em nenhuma partida.

BalotelliItália – os italianos são conhecidos pelo seu futebol, digamos, “precavido”, mas o técnico Cesare Prandelli tem tentado mudar um pouco a imagem da seleção do país. Após conquistar um vice-campeonato europeu em 2012, com uma renovação grande no elenco e adotando um 4-3-1-2, em 2013 a equipe não tem convencido. Em São Januário, o time reserva só empatou com o Haiti em 2 a 2, o que motivou o treinador a pensar em mudanças.

Prandelli pode adotar um 4-2-2-1, com o polêmico Balotelli à frente. O torneio pode ser uma boa chance para o treinador também fazer testes, já que a classificação para a copa de 2014 parece bem encaminhada. Com quatro pontos à frente da Bulgária, os italianos têm três das quatro últimas partidas das Eliminatórias para disputar em casa. A Azzurra sempre merece respeito…

México – único país a fora do eixo América do Sul-Europa a vencer a Copa das Confederações – vitória sobre o Brasil em 1999 por 4 a 3 –, o México está na terceira colocação nas Eliminatórias para a Copa de 2014, com certo risco de ficar de fora ou ter de disputar a repescagem para vir aqui no no que vem. No dia 18, a seleção pode ser ultrapassada por Honduras e Panamá, já que tem uma partida a mais que seus rivais imediatos.

Com esse clima ruim, vindo de dois empates sem gols, e com a prioridade nas eliminatórias, é difícil esperar um bom desempenho do México. A aposta é no atacante do Manchester United Chicharito Hernandez, que marcou 30 gols em 45 jogos pela seleção. Porém, de novo atentando para o lado histórico/místico, o Brasil tem de tomar cuidado. Em três partidas válidas pela Copa das Confederações entre as duas equipes, o México venceu duas, além de ter derrotado os brasileiros na final dos Jogos Olímpicos de 2012.

Japão – junto com a Seleção Brasileira, os japoneses são os únicos já garantidos na Copa de 2014. Os nipônicos não são mais aquela seleção caracterizada só pela correria de seus atletas, tendo jogadores mais técnicos sabendo tocar a bola quando necessário. O ídolo e principal destaque é o meia Kagawa, hoje no Manchester United, mas que se notabilizou como bicampeão alemão pelo Borussia Dortmund. Graças ao sucesso dele entre os germânicos, aliás, houve uma migração de atletas do país para lá. Dos convocados para a Copa das Confederações, nove atuam em casa, e oito disputam o campeonato da terra de Michael Schumacher.

O técnico italiano Alberto Zaccheroni está no comando da equipe desde 2010, e gosta de jogar no 3-4-3, esquema que às vezes sacrifica meias ofensivos, justamente o setor no qual o Japão tem seus melhores atletas. A defesa continua sendo um problema, principalmente pelo alto. Outro jogador importante da seleção é Keisuke Honda, meia do CSKA Moscou, homem de confiança de Zaccheroni.

Grupo B

del bosque e piqueEspanha – O time espanhol chega cheio de panca ao Brasil para a disputa da Copa das Confederações. Pelos resultados recentes, não é para menos: são os atuais campeões mundiais, bicampeões da Eurocopa e estão em primeiro lugar em seu grupo em primeiro em seu grupo nas eliminatórias europeias. Seu jeito meio Barcelona-sem-Messi de ser, que inclui um infindável número de passes e poucas chances de gol, segue intocado, junto com a verdadeira constelação que reúne no setor de meio-campo. Com Xavi, Iniesta, Fábregas, Javi Martinez e David Silva pode até perder Xabi Alonso por contusão sem maiores problemas.

Continua também a falta de opções fortes no ataque, que ainda depende dos irregulares David Villa e Fernando Torres. A tietagem é tanta que o técnico italiano Giovanni Trapattoni, hoje na Irlanda, chegou a afirmar que a versão atual de La Roja – já que o apelido de “Furia” não cairia bem para um time tão frio – pode superar o Brasil de Pelé. Será?

Uruguai – O treinador uruguaio Óscar Tabárez declarou em entrevista ao jornal uruguaio Ovación que vê a Copa das Confederações como uma “festa” e que usará o torneio para fazer tudo o que pensar. Considerando o desempenho nada animador de seu time nas eliminatórias sul-americanas, pode ser uma boa ideia buscas umas novidades. A Celeste Olímpica, que fez valer seu antigo prestígio com o quarto lugar na Copa de 2010, está em um desapontador quinto lugar, brigando com a Venezuela pelo direito de disputar vaga na repescagem contra o quinto colocado da Ásia.

O time de Diego Forlán, Luiz Suárez e Cavani (e Diego Lugano, tá certo, são-paulinos) ganhou algum fôlego ao vencer o rival direto na última partida, por 1 a 0, primeira vitória em seis rodadas. Para ter uma ideia do azar, o time sofreu um atraso de três horas numa escala em Manaus e não conseguiu treinar no primeiro dia porque a chuva acabou com o gramado do Arruda, estádio do Santa Cruz. As brincadeiras da festa de Tabárez começaram bem.

Taiti – azarão disparado na competição, o Taiti já é também o candidato mais forte a xodó dos torcedores em geral. De acordo com levantamento da Pluri Consultoria, o elenco do Taiti, que conta com só um jogador profissional, o atacante Marama Vahirua, vale 27 vezes menos que o atacante Neymar. Quem se interessar, por exemplo, pelo terceiro goleiro da seleção, Samin, pode desembolsar R$ 70,4 mil para trazê-lo ao seu time, de acordo com a Pluri.

Os taitianos chegaram aqui graças ao título da Copa da Oceania, conquistado contra a Nova Caledônia (é bom lembrar que a Austrália, agora, participa da Confederação Asiática). O time jogou contra o América-MG e foi derrotado por 1 a 0, resultado considerado bom, pois na peleja anterior o Taiti havia perdido por 7 a 0 para o sub-20 do Chile. Mas Paulo Comelli, comandante dos mineiros, entregou o jogo. De acordo com sua conversa com Eddy Etaeta, treinador taitiano, o objetivo é não tomar goleadas na competição. Para isso, a tática é atuar com uma linha de cinco atrás, quatro no meio e um na frente.

Nigéria – não são poucos os problemas que o time campeão da África, a Nigéria, enfrenta antes de chegar ao Brasil. O técnico Stephen Keshi não pode contar com jogadores importantes comoVictor Moses, Emmanuel Emenike e Ogenyi Onazi, e a seleção ainda enfrentou outra questão séria. Na quinta-feira, os atletas se recusaram a embarcar para o Brasil em função de divergências em relação a uma premiação com os dirigentes da federação local. Os jogadores queriam receber US$ 5 mil pelo empate com a Namíbia, fora de casa, em jogo válido pelo grupo F das eliminatórias da África. Porém, a federação de futebol nigeriana pagou US$ 2,5 mil, o que provocou a controvérsia. Nas Eliminatórias africanas, precisam de um empate com o Malaui, em casa, para passar à fase seguinte. Em caso de derrota, não virão ao Brasil em 2014 (a não ser por turismo).

Outro ponto complicador é o fato de que, entre os 23 jogadores convocados para o torneio, quatro eram estreantes à época – antes da parte contra a Namíbia – e cinco tinham apenas uma convocação no currículo. Com muita força física e marcação intensa, os nigerianos devem disputar a segunda vaga do grupo, se for confirmado o favoritismo espanhol.

Leia também

Últimas notícias