Programa tucano na TV sinaliza que Aécio não busca vitória em 2014

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antônio cruz/abr

Programa deu a entender que Aécio é pré-candidato ao governo de Minas em 2014 e que irá apoiar a reeleição de Dilma

Se for feita uma pesquisa entre os que assistiram ao programa partidário do PSDB pela televisão, no último dia 30, não será estranho se o resultado for positivo para a intenção de votos em Dilma Rousseff para presidente em 2014. Isso porque o programa tucano errou a mão, e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) ficou parecendo um garoto-propaganda do governo federal ao quase só mostrar uma realidade brasileira vista com lentes cor-de-rosa.

O programa foi protagonizado por Aécio Neves praticamente do início ao fim, percorrendo localidades bucólicas de Minas Gerais. Ele mostrou muito de um Brasil que vai bem, serviu como propaganda indireta que beneficia o governo da presidenta Dilma. O pouco que ele falou sobre inflação, o bordão oposicionista do momento, acabou sendo muito vago, subliminar, sem endereço certo contra o governo federal e, por isso, sem produzir efeitos na maioria dos telespectadores.

A intenção do programa foi mostrar brasileiros satisfeitos com suas vidas, vivendo nos estados governados pelo PSDB, sobretudo em Minas, onde ele foi governador. Mas ficou parecendo tratar-se de um pré-candidato a governador de Minas em 2014 que irá apoiar a reeleição da atual presidenta, defendendo a gestão estadual e federal, por tabela.

O programa foi feito pelo marqueteiro Renato Pereira, o mesmo que fez a campanha do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), em 2010. Quem mora no Rio percebeu que Pereira repetiu a fórmula. Em 2010, Cabral aparecia andando pela cidade em uma van, falando para a câmera, exatamente como Aécio agora, só mudando a paisagem para Minas.

Mas tem uma grande diferença. Cabral mostrava obras feitas em parceria com o governo federal e falava das vantagens para o eleitor fluminense em reelegê-lo junto com a eleição de Dilma, para ambos continuarem fazendo o que estava dando certo. É essa parte do roteiro que não se encaixa no perfil de uma candidatura oposicionista como a tucana.

A falta de ousadia de Aécio para fazer oposição na TV sinaliza que ele está mais interessado em sair do pleito com a imagem do tucanato melhorada e sem uma rejeição alta, como ocorreu com José Serra em 2010, muito mais para não o inviabilizar em 2018, do que para uma vitória em 2014.

Pelo comportamento dos governadores do PSDB parece que aprovam esta estratégia, evitando fazer oposição radical à presidenta Dilma em 2014. Esse contexto explica o isolamento dentro do partido de José Serra, a liderança tucana com discurso de oposicionista mais radicalizado.

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