Se ficar a Dilma pega, se correr o Lula come…

Eleições 2014

Roberto Stuckert Filho/PR

Lula e Dilma lideram pesquisas de intenções de voto para presidir o Brasil em 2014 e desorientam oposição

Uma primeira leitura rápida da última pesquisa do instituto Datafolha, publicada no sábado (9), poderia parecer boa para a oposição. Afinal, a presidenta Dilma Rousseff (PT) perdeu alguns pontos, enquanto o pré-candidato do maior partido de oposição, Aécio Neves (PSDB), subiu quatro. Porém, uma leitura mais detalhada não é nada animadora para a oposição.

Dilma ainda está em um patamar de intenções de voto bastante elevado (51%), mesmo diante de um noticiário intensamente adverso nas últimas semanas. E Aécio ainda continua em um patamar bastante baixo (14%), muito aquém da votação que o PSDB tem obtido nas últimas eleições, e ainda em um desconfortável terceiro lugar, atrás de Marina Silva, que manteve o mesmo número em relação à pesquisa anterior (16%).

Isso depois da intensa exposição de Aécio na propaganda partidária tucana no rádio e na TV poucos dias antes da pesquisa. Somando apenas as intenções de votos válidos (no nome de algum candidato, excluindo indecisos, nulos e brancos), Dilma venceria no primeiro turno com folga, por 58,6% contra 41,4% de todos os outros candidatos somados.

Se este quadro já seria pouco animador para a oposição, a pesquisa joga uma ducha de água fria nas esperanças oposicionistas quando mostra que o “plano B” da maioria do eleitorado seria votar no ex-presidente Lula.

O ex-presidente já declarou que sua candidata em 2014 é Dilma, e ele será seu cabo eleitoral. Mesmo assim o Datafolha simulou um cenário da pesquisa com seu nome, e ele aparece com 55% de intenções de voto, e os outros adversários ficam com números menores do que contra Dilma.

Logo, mesmo se houvesse uma improvável deterioração extrema da popularidade da presidenta a ponto de inviabilizar sua reeleição, as chances da oposição não melhorariam, pois os governistas convocariam o ex-presidente para revitalizar suas forças e atender aos anseios do “plano B” do eleitor.

Esse quadro esvazia as esperanças dos oposicionistas que apostam no “quanto pior, melhor”, ou seja, em crises que prejudiquem a nação e a vida do cidadão brasileiro, para melhorar suas chances de vencer.

Para agravar, essa falta de expectativa na vitória da oposição tende a esvaziar o interesse de outros partidos e lideranças políticas em apoiar candidatos oposicionistas, quando passam a ser vistos como fadados a perder.

O quadro que se desenha é que se o governo chegar bem em 2014, Dilma ganha. Se chegar mal, quem ganha é Lula. Lembra o ditado popular: “Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come”.

Pelo lado do governo Dilma, apesar dos números ainda serem confortáveis e de variações na popularidade ser coisa que deve ser encarada com naturalidade por qualquer governo –  afinal sempre há momentos melhores e outros nem tanto –, nunca é bom para um governante negligenciar variações negativas para não virar uma tendência de queda.

Um dos motivos da perda de alguns pontos pode ser explicada por um noticiário excessivamente negativo, o que pode significar necessidade de ajustes na política de comunicação governamental para equilibrar a pauta política, em muitos veículos da velha mídia ditada pela oposição. Outro motivo pode ser falta de maior interlocução com a própria base popular, sobretudo dos movimentos sociais.

Tradicionais apoiadores do campo político governista têm reclamado da falta de mais diálogo e feito críticas pontuais. É compreensível que governos não tenham como agradar a todos o tempo todo, mas quanto mais arestas precisarem ser aparadas, mais os canais de diálogo devem se abrir.

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