Futebol, economia e ervilhas

México x Itália: opostos como bola da vez

No futebol, os campeões olímpicos andam mal nas eliminatórias, mas vivem pujança econômica. Os italianos sofrem com a crise, e só estão no Brasil por vice na Eurocopa

Reformado, Maracanã será palco da partida entre México e Itália neste domingo

O estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, recebe partida válida pela Copa das Confederações neste domingo (16), às 16h, horário de Brasília. O jogo será entre México e Itália, seleções de escolas e tradições futebolísticas sempre distintas e de países que passam por momentos econômicos especialmente antagônicos.

Com a bola nos pés, a Azzurra é tetracampeã mundial, temida e respeitada pela solidez defensiva e rapidez nos contra-ataques. Chegou à final da Eurocopa no ano passado e estaria fora do torneio no Brasil. Como a Espanha já estava classificada, por ter sido campeã, também, da Copa do Mundo de 2010, os italianos estão por aqui.

Por usa vez, o país mais ao sul da América do Norte é campeão olímpico. E é quase hegemônico na Copa Ouro, torneios da Concacaf, mas anda mal nas Eliminatórias e corre o risco de não voltar às bandas de cá em 2014. Há quem acredite que o selecionado verde praticamente só faça medo mesmo ao escrete brasileiro…

Aliás, os mexicanos estão na cola do Brasil na economia. Depois de chegar ao quinto PIB do mundo, o país de Dilma Rousseff convive com um PIB que não deslancha e desconfiança do tal mercado. O México anda só o otimismo dos investidores, e há quem dê como favas contadas a ultrapassagem da economia tupiniquim ainda neste ano. É que o México é a bola da vez.

Se algum visitante à terra de Carla Bruni falar em “bola da vez”, certamente a “vez” em questão será a da crise, algum novo soluço fiscal ou problema na balança de pagamentos. Desde 2008 a terra da pizza e do macarrão lida com problemas para honrar dívidas, reduzir déficit público, manter direitos de trabalhadores e aposentados… Em nome da tal “austeridade” – o outro nome para aquela cartilha que os latino-americanos conheceram bem nos anos 1980 e 1990. Assim, a Itália não sai dessa tão cedo.

A crise é de matar, até literalmente. Os conterrâneos de Mario Balotelli – dúvida para o jogo por dores na coxa – dependem da Alemanha, nação europeia que resiste às instabilidades. Conta com os vizinhos para vender carros e outros produtos, mas talvez precise pressionar Angela Merkel a fazer mais.

O atacante Chicharito Hernández é "el  dueño de la pelota" no time mexicanoParalelamente, depender da saúde econômica de potência vizinha sempre foi regra para o país que terá Chicharito Hernández (literalmente o “Ervilhinha”, na foto de ©Oliver Weiken/EFE) como esperança ludopédica. O fato de 80% das exportações mexicanas serem destinadas ao Tio Sam mantém a tradição secular definida por Porfirio Díaz: “Pobre México. Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos”.

Visita recente de Barack Obama ao país teve a pauta econômica como um dos destaques, ao lado da guerra ao tráfico de drogas, conduzida com forte apoio militar dos EUA, apesar de provocar uma crise humanitária de refugiados. Se o crime organizado é uma ameaça no México, a máfia italiana vive momento diferente. Por culpa da crise, os negócios da Cosa Nostra, da Gomorra e outras agremiações anda com cada vez mais dificuldades para fazer qualquer tipo de oferta que ele não poderia recusar

Com isso tudo, que role a bola. E que o Maracanã seja palco de um jogo bom de assistir.

Leia também

Últimas notícias