Leela lança terceiro CD de pop ‘legítimo’

Os músicos do Leela: pop leve, solto… e bom (©divulgação) Não há razões para ter vergonha de ser pop e se entregar a ele de alma, corpo e coração, sem […]

Os músicos do Leela: pop leve, solto… e bom (©divulgação)

Não há razões para ter vergonha de ser pop e se entregar a ele de alma, corpo e coração, sem precisar fazer grandes concessões na sonoridade. É o que prova a ótima banda carioca Leela, em seu terceiro e recém lançado álbum de estúdio, “Música Todo Dia”. Comece conferindo a divertida e colorida arte criada por Maureen Miranda, a partir de projeto gráfico de Tchego, que mistura um quê infantil com outra dose de psicodelismo e o grafismo do início dos anos 90, recuperado por bandas como Deee-Lite. Não se convenceu? Então escute a ótima balada “Sutilezas”: “Abandone a ilusão que o amor / Só vale se for eterno / Pequenas sutilezas me tiram do sério / Teu silêncio tão marcante é um mistério / É assim que me controla”.

A formação da banda é a mesma desde 2000, algo cada vez mais raro no pop rock nacional: Bianca Jhordão (vocais, guitarra, theremin, synth e programações), Rodrigo O’Reilly Brandão (guitarra, synth e vocais), Tchago Kochenborger (baixo, vocais, synth e guitarra) e PHD Ronzoni (bateria e percussão). Eles começam o álbum começa com um rock pesado e bem sujo, no melhor estilo britânico anos 2000, “Topo Tudo”. Em seguida, vem a divertida “Por um fio / Hey Babe”, com uma pegada bem festa eletrônica: “Na saudade até pensei na internet / Mas comigo é cara a cara / Não deixo meu desejo / Por um fio”. Na mesma pegada, aparece a dançante “On the Road”: “Vou vivendo num tremendo vai e vem / Tudo bem que não pertenço a ninguém”.

Ou seja, a temática das canções parece girar em torno da busca incessante pela liberdade e pela fuga de compromissos mais sérios, que parecem concluir na eletrônica com cara de inferninhos rua Augusta, “A Nossa Melhor Noite”: “Noite dos melhores beijos / Vem pra cá, cuidar de mim / Vamos brincar na lua / Dança como nunca / Sempre em movimento”. Porém, é interessante observar que ela possui quase uma antítese, justamente “Sutilezas”, que tem a cara do pop competente do Leela. Ou seja, se nada fica muito claro, então saia para se divertir e escutar os “Sinos”: “Foi você que causou / Toda essa piração”.

Uma das canções mais marcantes do álbum é “Cidade Sitiada”, parceria de Bianca Jhordão e Rodrigo Brandão com Fausto Fawcett, que também participa da gravação fazendo uma leitura bem no seu super conhecido estilo submundo: “Chove muito na cidade sitiada / Extravagante contraste da fauna humana / Lugar ideal pra proliferação de submundos / A vida é louca, louca chama, me inflama”. A canção tem um quê de Franz Ferdinand.

Igualmente especial é a faixa-título psicodélica: “Dançarinos dançam / Músicos fazem som / Chega o espetáculo ao fim / Vai tudo muito bem / Com novos sons”. E álbum termina com a sarcástica “Mais Beleza”: “Não, não, não, não quero mais / O inferno que você me traz / Me tira desse filme / Desse roteiro fraco / Me tira desse filme / O que sabe sobre o amor?”.

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