Cantor Ritchie comemora 60 anos com CD de releituras de clássicos dos anos 1960

O cantor Ritchie, ícone da música pop feita no Brasil, relembra canções dos anos 1960 em álbum de celebrações (©Glaucio Ayala/divulgação) O cantor e compositor Richard David Court, ou simplesmente […]

O cantor Ritchie, ícone da música pop feita no Brasil, relembra canções dos anos 1960 em álbum de celebrações (©Glaucio Ayala/divulgação)

O cantor e compositor Richard David Court, ou simplesmente Ritchie, completou 60 anos em 6 de março e também festeja 40 anos vivendo no Brasil. Se, em 1984, ele era o artista de maior vendagem de discos no país, com “Voo de Coração” (o LP na qual está seu grande hit, “Menina Veneno”), agora ele retoma as canções de sua infância e adolescência na Inglaterra – é natural de Beckenham, no condado de Kent –, no ótimo “60”, no qual interpreta grandes sucesso da música pop da década de 1960. 

Produzido pelo próprio Ritchie e por Rodrigo Tavares, o álbum foi realizado, no Rio de Janeiro, entre novembro de 2011 e janeiro de 2012, e conta com refinado projeto gráfico do próprio artista, um talentoso profissional da web. Acompanhado por uma super banda e uma orquestra de violinos, violas, cellos, trompas e Cor Anglais, ele começa com “Summer in the City”, composta por Mark Sebastian e Steve Boone, gravada com sucesso pela banda norte-americana The Lovin’ Spoonful, agora adicionada de boas pitadas eletrônicas. 

A voz de Ritchie está cristalina no rock com a cara alegre e ensolarada dos anos 60, “I’ve Been a Bad, Bad Boy”, do britânico multimídia (quando, obviamente, nem existia esse termo) Paul Jones, cantor, ator, apresentador de televisão e personalidade do rádio. O mesmo acontece na ótima “Concrete & Clay”, de Tommy Moeller e Brian Parker, gravada pelo grupo de pop rock britânico Unit 4 + 2. 

O clima roqueiro reaparece na gostosinha “All I Have To Do Is Dream”, sucesso da dupla de Chicago The Everly Brothers. Fez tanto sucesso que consta da lista das 500 maiores canções de todos os tempos da revista “Rolling Stone”. Também está presente, com bastante efeito, em “Sunshine Superman”, do cantor e compositor escocês Donovan.

Com final meio psicodélico, aparece o rock mais pesado “Green Tamborine”, que foi o primeiro grande sucesso do grupo norte-americano de Ohio, The Lemon Pipers. Igualmente animada é “You’re no Good”, de Clint Ballard Jr., gravada, primeiro, pela cantora norte-americana Betty Everett, em 1963, mas que chegou ao número 1 em 1975, na voz da também norte-americana Linda Ronstadt.

No álbum, há belas baladas, típicas dos bailinhos bastante comuns na época, que soam extremamente naturais e bem encaixadas na interpretação de Ritchie. Entre elas, está a arrasadora “Don’t Let The Sun Catch You Crying”, de Gerry and the Pacemakers, que, assim como os Beatles, eram de Liverpool e empresariados por Brian Epstein. O clima romântico retorna em “Wichita Lineman”, de Jimmy Webb, gravada com enorme sucesso pelo cantor norte-americano country Glen Campbell.

A grande gravação do álbum, que conta com ótimo reforço orquestral, é a linda “The Sun Ain’t Gonna Shine Anymore”, de Bob Crewe e Bob Gaudio, registrada originalmente na voz de Frankie Valli, mas também interpretada por, entre outros, pela cantora Cher e o grupo Keane. Mesmo clima orquestral aparece na um tanto sombria “You Only Live Twice”, de John Barry e Leslie Bricusse, música-tema do filme “Com 007 Só Se Vive Duas Vezes”, de 1967, gravada por Nancy Sinatra; e na sensualíssima e igualmente cinematográfica “Need Your Love So Bad”, um blues acachapante composto por Little Willie John, em 1955, e gravado com sucesso pela banda Fleetwood Mac. Inevitavelmente, foi parar na telona, em 2000, como tema do filme “Garotos Incríveis”.

Muito bonita é a versão da doce “If You Could Read My Mind”, do cantor e compositor canadense Gordon Lightfoot, que chegou ao número 5 da parada da “Billboard”, em janeiro de 1971. Outros clássicos indispensáveis são “Trains, Boats & Planes”, da famosíssima dupla de compositores Burt Bacharach e Hal David; e “How Can We Hang On To A Dream?”, de Tim Hardin, gravada por, entre outros, o mesmo Fleetwood Mac, além de Emerson, Lake & Palmer e The Lemonheads.

“Curiosamente, aqui estou eu aos 60, com um projeto chamado ‘60’, com essas músicas dos anos 60, este número tão mágico para mim. Tenho a sensação maravilhosa de estar energizado e ao mesmo tempo um pouco nostálgico, querendo fazer um inventário da minha vida, comemorá-la e entender para onde estou indo, olhar em retrospecto e ver o que foi importante. Embora seja um álbum somente de regravações, (e meu primeiro de intérprete), este é um disco extremamente pessoal, cheio de músicas que falam diretamente para o meu coração”, garante o artista, no release enviado a imprensa. Quem lucra com isso são os ouvintes.

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