Lasse Hallström dialoga com ‘Casablanca’ em ‘Amor Impossível’

Cena do novo filme do sueco Lasse Hallström, que estreia em circuito nacional (©divulgação) Uma mulher precisa escolher entre dois homens, estando num país estranho e num contexto marcado pela […]

Cena do novo filme do sueco Lasse Hallström, que estreia em circuito nacional (©divulgação)

Uma mulher precisa escolher entre dois homens, estando num país estranho e num contexto marcado pela guerra. Essa é uma das sequências finais mais copiadas e parodiadas da história do cinema desde que o diretor norte-americano Michael Curtiz realizou “Casablanca”, com Ingrid Bergman e Humphrey Bogart, em 1942. Setenta anos depois, ela reaparece em “Amor Impossível”, dirigido por Lasse Hallström, estrelado por Ewan McGregor e Emily Blunt, e que chega aos cinemas brasileiros na sexta-feira, 15 de junho.

Famoso por “Minha Vida de Cachorro” (1985), “Chocolate” (2000), “Um Lugar Para Recomeçar” (2005), o sueco Lasse Hallström dialoga muito mais com “Casablanca” do que simplesmente se aproveitar do final, em tempo e cenário completamente diferentes. Na cidade marroquina, em plena Segunda Guerra Mundial, Ilsa Lund reencontra um amor do passado, Rick Blaine, que a ajuda a escapar dali com o marido Victor Lazlo, um dos líderes da resistência tcheca, na luta contra os nazistas. 

Em “Amor Impossível”, o cenário é o país árabe Iêmen e o contexto, a Guerra do Afeganistão. Harriet Chetwode-Talbot (Emily Blunt) é a representante de Yemenita Sheikh (Amr Waked), que sonha introduzir a pesca do salmão em seu país e, para isso, contrata o Dr. Alfred Jones (Ewan McGregor), um cientista britânico que não acredita no que estão lhe propondo e, ao ser obrigado a assumir o projeto, exige as coisas mais estapafúrdias e é prontamente atendido, até que se sente seduzido pela situação e resolve levá-la até as últimas consequências.

Entremeado a um intenso dramalhão que perfaz a trama, o diretor Hallström descreve as artimanhas do jogo político britânico, por meio da assessora de imprensa do Primeiro Ministro, Patricia Maxwell, numa ótima atuação de Kristin Scott Thomas.

A partir do roteiro de Simon Beafoy (o mesmo de “Quem Quer Ser Um Milionário”), baseado no romance de Paul Torday, o diretor sueco mistura ritmos e linguagens audiovisuais, incluindo imagens do fundo do mar com outras registradas a passar a sensação de algo amador, com a linguagem dos diálogos bem-humorados pela tela do computador.

“Amor Impossível” estabelece também uma divisão entre mundo ocidental e mundo árabe, marcado não apenas pelas diferenças tecnológicas, mas pelo estranhamento da maneira de se lidar com justiça, ética, respeito, cientificidade e religião. Os ocidentais são muitas vezes mostrados envolvidos com falcatruas, artimanhas, desconfianças e até certa galhofa, enquanto os árabes são associados à honra, à crença na fé e à riqueza. Tema cada vez mais presente no audiovisual contemporâneo.

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