Jeffrey Sachs: ‘Não sou contra governos, mas sou contra esperar que eles façam’

Para conselheiro da ONU em metas do milênio, jovens devem liderar o mundo para haver futuro

Jeffrey afirmou que os desafios das mudanças climáticas requerem imaginação e um novo jeito de fazer as coisas (Foto:Gervásio Baptista/ABr)

Rio de Janeiro – O conselheiro especial do secretário-geral da ONU para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, Jeffrey Sachs, afirmou hoje (21) na Rio+20 que a sociedade não deve esperar pela ação de governantes para levar adiante a implementação de uma agenda global pelo desenvolvimento sustentável.

“Não sou contra governos, mas sou contra esperar com que os governos permitam que façamos as coisas”, disse durante debate com jovens no Riocentro, na Barra da Tijuca, onde é realizada até amanhã (22) a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável. “Os desafios da mudança climática requerem uma imaginação, um novo jeito de fazer as coisas que não podemos, tristemente, esperar de diplomatas aqui e daqui por diante.”

Esta semana foi fechado o documento final a ser aceito pelos 191 países-membros ao término da conferência. Na avaliação de algumas organizações da sociedade civil e de acadêmicos, o texto é muito genérico e apresenta poucos pontos concretos, avaliação diferente da nutrida pela delegação brasileira, responsável pela negociação.

Uma das questões celebradas pelo governo Dilma Rousseff foi a manutenção daquilo que havia sido firmado há 20 anos, durante a Eco-1992, já que algumas nações gostariam de alterar questões já incorporadas ao entendimento global sobre desenvolvimento sustentável.

Para Sachs, a Agenda 21, um dos exemplos de saldo positivo do evento do século passado, é extremamente importante, mas não foi incorporada pela sociedade. “Vinte anos atrás, no Rio, o mundo se juntou para resolver problemas sobre mudanças climáticas e biodiversidade. E sabem o quê? Se o mundo tivesse resolvido todos estes problemas, vocês não teriam muito para fazer. A boa notícia é que quase nada foi feito nos últimos 20 anos, então vocês têm muito a fazer”, disse.

“Precisamos chegar às escolas. Essa tem de ser a geração do desenvolvimento sustentável, não há escolha, ou vocês podem ser a última geração”, disse, acrescentando que deve ser amplamente debatida a questão dos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS). São metas a serem debatidas durante os próximos dois anos, com implementação a partir de 2015 para ampliar os objetivos do milênio.

Ele acredita que esse pode ser o grande resultado da atual conferência, e precisa começar a ser debatido imediatamente, porque o mundo ultrapassou os níveis aceitáveis de exploração de recursos naturais. “Vocês precisam de desafios porque nenhuma geração antes de vocês passou por este desafio, queiram vocês ou não. Vocês devem se mover, e devem se mover rapidamente. Nós vamos ajudá-los a fazer isso, eu prometo, mas vocês devem assumir a liderança. Precisamos fazer essas metas serem reais.”