Caravaggio e a arbitrariedade de museu em Belo Horizonte

Medusa Murtola, uma das obras do mestre barroco Caravaggio, em Belo Horizonte, antes de São Paulo (reprodução) O pintor italiano Michelangelo Merisi da Caravaggio, nascido em Milão, em 29 de […]

Medusa Murtola, uma das obras do mestre barroco Caravaggio, em Belo Horizonte, antes de São Paulo (reprodução)

O pintor italiano Michelangelo Merisi da Caravaggio, nascido em Milão, em 29 de setembro de 1571 e morto em Porto Ercole, em 18 de julho de 1610, é reconhecido como um dos pioneiros e mais importantes nomes do Barroco, opondo-se ao maneirismo da época. É o que pode ser conferido na boa exposição “Caravaggio e seus seguidores”, na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte (MG), até 15 de julho. A entrada é franca e depois a exposição segue para São Paulo (SP).

A exposição conta com apenas quatro obras legítimas de Caravaggio e duas consideradas “problemas” pela história da arte, caso de trabalhos ainda em estudo. As legítimas são o fantástico escudo com a cabeça de Medusa, feita em óleo sobre tela, “Medusa Murtola”, de 1597; “San Francesco de Mediatazione”, de 1606; “San Genaro decollatto o Sant’Agapito”, de 1610; e “Ritrato di cardinale”, realizada entre 1599 e 1600. Todas elas confirmam as principais características que tornaram o artista italiano conhecido.

Ou seja, pintar fundamentalmente temas religiosos, porém, ao invés de escolher figuras belas, éteres e delicadas, ele optava por retratar acontecimentos e personagens da Bíblia a partir de modelos populares, como crianças de rua, mendigos e prostitutas.

“Medusa Murtola” está relacionada a outro aspecto interessante demonstrado na exposição – a análise da obra com radiografias e técnicas de investigações, como o infravermelho. Desse modo, são descobertos os rascunhos do artista, como os olhos e a boca que mudaram de lugar na versão final. Apenas após a descoberta de traços perdidos, escondidos por camadas de tinta, é que se chegou a conclusão desta ser uma obra autêntica de Caravaggio.

Já os seguidores são Giovanni Baglione (1566-1643), Tommaso Salini (1575-1625), Orazio Gentileshi (1563-1639), Carlo Saraceni (1579-1620) e Orazio Borgianni (1574-1616), entre outros, representados por 14 telas. Porém, como identifica a idealizadora da exposição, Rossella Vodret, no catálogo, “esses, no entanto, nem sempre compreenderam totalmente o que Caravaggio trazia de novo”. Desse modo, a adesão ao que denomina “caravaggismo” ocorreu de modo superficial e maneirista. De todo, telas como “Maria Madalena” (segunda década do século XVII), de Drazio Gentileschi, chama atenção pela riqueza das expressões faciais e pelo uso de sombras.

Queixa

Além da beleza inconteste das obras de Caravaggio e seus seguidores, o que mais chamou a atenção na exposição em cartaz na Casa Fiat de Cultura de Belo Horizonte (MG) foi a arbitrariedade da segurança do local. Ao tentar fazer anotações a respeito das telas com papel e caneta, como um espectador comum, sem as vantagens e os mascaramentos geralmente oferecidos à imprensa nesse tipo de evento, o autor dessa resenha foi impelido abruptamente e sem qualquer tipo de respeito por um segurança como se estivesse cometendo algum crime. Cita-se esse caso como exemplo do excesso de zelo e a total inabilidade de muitos museus brasileiros com relação aos visitantes, o que confirma a eterna sensação de que eles geralmente não são bem vindos nesse tipo de ambiente.

Serviço
Exposição “Caravaggio e Seus Seguidores”
Até 15/7. De terça a sexta, das 10h às 21h, e sábados, domingos e feriados, das 14h às 21h
Entrada franca
Casa Fiat de Cultura – Rua Jornalista Djalma de Andrade, 1250. Belvedere. Belo Horizonte (MG)
T: (31) 3289-8910

[email protected]

 

 

 

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