Se o Museu de Arte Contemporânea (MAC), de Niterói, é deslumbrante por fora, graças ao projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer, que se assemelha a uma nave espacial, vale a pena conferir, em seu interior, a bela exposição “Mulheres”, que reúne obras de 20 artistas brasileiras que contribuíram, e ainda contribuem, para a arte contemporânea. Em cartaz desde março, mês do Dia Internacional da Mulher, ela fez tanto sucesso que estendeu a visitação até 29 de julho, pode ser vista de terça-feira a domingo, das 10hs às 18hs.

Basta ingressar na sala para se ficar deslumbrado com a imensa escultura da artista mineira Iole de Freitas. Sem título, a obra, de 1983, foi criada com aço inox e cobre, e é possível imaginar diferentes figuras. Uma das possibilidades é observar uma mulher grávida de perfil, com o contorno da barriga criado com fio de aço. Igualmente fascinantes são as esculturas de Lygia Pape e Lygia Clark, com “Superfície Modulada nº5”, criada com tinta industrial sobre madeira (compensado), num deslumbrante jogo das cores verde claro, branco e preto.

Há as críticas telas da carioca Anna Bella Geiger. A primeira traz a mensagem “Sobre a arte, diga conosco burocracia”. A segunda reúne quatro rostos, de duas mulheres brancas e duas negras, contornadas por moldura verde, amarelo e rosa, numa nítida tentativa de afeminar as cores da bandeira brasileira. Também impactante é a instalação da gaúcha Ione Saldanha, falecida em 2001, que deu alegria a um símbolo bastante presente também na cultura gaúcha – a roda de madeira –, colorindo-a em vermelho, marrom, rosa e roxo.

A exposição reúne também trabalhos de, entre outras artistas, Alessandra Vaghi, Ana Holck, Angela Freiberger, Beatriz Milhazes, Cristina Salgado, Lêda Catunda, Maria Leontina, Mira Schendel, Nazareth Pacheco, Tomie Ohtake, Wanda Pimentel e Wega Neri. As obras, reunidas no salão e na varanda do primeiro andar, pertencem às coleções particulares de João Sattamini e do próprio MAC Niterói.

“A exposição ‘Mulheres’ (…) espera contribuir para reafirmar a importância de se escrever uma história da arte outra. Fato digno de menção é nossa ênfase em trabalhos que abordam desde imagens diretamente associadas ao universo feminino até obras emblemáticas para a afirmação local da abstração ou da arte contemporânea de modo geral, pretendendo não reduzir a importância dessas artistas a um só eixo na arte dos séculos XX e XXI. Pensada como uma homenagem ao Mês da Mulher, a exposição concorre igualmente para mostrar ao público diferentes aspectos das coleções do museu, tarefa que lhe é primordial”, explicam os curadores Guilherme Bueno e Márcia Müller.

[email protected]