Qual o limite do cinismo humano?

'Tenho a maior simpatia por quem não tem casa', diz o megaespeculador, dono do Pinheirinho, Naji Nahas

No mês de janeiro, todos nós assistimos um espetáculo deprimente patrocinado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). O governador forneceu uma tropa de 2 mil policiais fortemente armados para arrancar, à força, na bala e com bombas, cerca de 6 mil moradores da comunidade de Pinheirinho, na cidade de São José dos Campos, que ali moravam há 8 anos. O prefeito igualmente tucano, Eduardo Cury, também ordenou à sua guarda municipal engrossar a força para expulsar a comunidade que ocupava a área.

Ficaram sem moradia cerca 1, 7 mil famílias – mulheres, crianças e homens de baixa renda – retirados de suas casas para entregar o bairro inteiro para um único latifundiário urbano: uma empresa falida do megaespeculador Naji Nahas.

Não contente com tanto sofrimento, o megaespeculador financeiro surge em um jornal paulista, zombando da cara dos desabrigados. Na estreia do jornal da Folha de S. Paulo feito para ser exibido na TV Cultura, Nahas disse que a reintegração de posse do Pinheirinho lhe “devolveu o que é dele”. Admitiu, portanto que é dono do terreno e ainda  disse que o problema de moradia no Brasil é do governo e não dele. A pérola, entre as pérolas, foi ele dizer que “tem a maior simpatia por quem não tem casa.” Uma afronta, isso sim.

Na entrevista,  Nahas omitiu que  sua empresa, a Selecta, deve cerca de R$ 10 milhões em IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) à prefeitura de São José dos Campos, relativos justamente ao terreno que a própria prefeitura ajudou a desocupar de forma aviltante.

O mais interessante nessa história é que qualquer  morador de São José que passe cinco anos sem pagar impostos, tem seu terreno tomado e colocado a leilão. Mas nesta mesma cidade, Nahas deve há décadas e nada  acontece…