Três dicas para o fim de semana

Hoje é sexta-feira e, para dar munição ao curtíssimo final de semana, vão três dicas interessantes. Elas abordam problemas localizados em grandes cidades brasileiras (Belo Horizonte e São Paulo), mas […]

Hoje é sexta-feira e, para dar munição ao curtíssimo final de semana, vão três dicas interessantes. Elas abordam problemas localizados em grandes cidades brasileiras (Belo Horizonte e São Paulo), mas que facilmente encontram paralelos em outros locais.

Em defesa do futebol de várzea

Uma delas é o texto de Priscila Musa no blog Terrorismo Branco denunciando a venda de campos de futebol de várzea anunciada pela Prefeitura de Belo Horizonte. Para ela, os campos são fundamentais para a cidade. “Acabar com os campos de várzea não é só arrancar, com bicuda na canela, o espaço coletivo de meninos e meninas. É também pisar no joelho da vida na cidade.”

O ataque da prefeitura aos espaços públicos da cidade ganha contexto na elitização por que passa o futebol brasileiro, exemplificada na Copa do Mundo de 2014. “De fato, os pés que jogam o futebol de rua não pisarão nas arquibancadas da copa. Os mesmos pés que terão suas casas demolidas e que veem suas ruas se tornarem grandes avenidas de acesso aos estádios.”

Documentário discute Nova Luz

A outra dica é meio antiga, mas ainda vale. Trata-se do documentário Luz, que discute o famigerado projeto Nova Luz, proposta do prefeito Gilberto Kassab de “revitalização” do tradicional bairro no centro de São Paulo, e denuncia o processo de exclusão que ele significa.

Feito pelos espanhóis Lolo e Sara, membros do grupo de intervenção artística Left Hand Rotation, o documentário é parte do projeto Museo de los Desplazados, que discute processos de gentrificação (expulsão da população pobre para favorecer interesses imobiliários) ao redor do mundo.

O vídeo mostra moradores, comerciantes, movimentos por moradia, ocupações, cortiços, todos mobilizados para forçar a abertura de discussões com a prefeitura. Os autores ouviram diversas pessoas ligadas ao processo, como a presidenta da associação AMOALUZ, Paula Ribas, e a arquiteta, urbanista e relatora da ONU para Moradia Raquel Rolnik.

É Ribas que, logo no início do filme, resume o problema: “Não é que a gente não queira melhorias. Mas agora que o bairro vai melhorar, eu vou ter que sair daqui? Não vou. Eu fiquei aqui no pior momento do bairro.”

LUZ from Left Hand Rotation on Vimeo.

Churrascão versão Luz

Por fim, uma dica para os paulistanos. Acontece neste sábado o “Churrascão da gente diferenciada – versão Luz”. A ideia da manifestação, que está sendo organizada pelas redes sociais na internet, é protestar contra as recentes medidas tomadas pelos governos estadual e municipal em São Paulo para “limpar” a chamada Cracolândia, na região central da cidade.

“Sem oferecer alternativas decentes aos dependentes e sem respeitar os direitos humanos deles e dos outros usuários, trabalhadores e freqüentadores da região da Luz, o governo paulista vem ocupando militarmente, desde o dia 3 de janeiro, a zona conhecida como ‘cracolândia’”, destaca o convite para o evento no Facebook. Ainda segundo o texto, o churrasco visa “combater, de forma bem humorada e crítica, o preconceito e o racismo dos políticos e das elites paulistanas”.

A primeira versão do “churrascão” aconteceu no bairro de Higienópolis, em protesto contra a mudança do local de uma estação de metrô a ser construída na Linha 4 – Amarela. Moradores do bairro de elite de São Paulo pressionaram pela mudança com medo de, segundo declarações a jornais na época, trazer “uma gente diferenciada” para o bairro.

O evento acontece às 16h, na esquina das ruas Helvétia e Dino Bueno, em São Paulo. 

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